Sexta, 1º de dezembro de 2017
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Um
teste público de segurança (TPS) realizado pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) na urna eletrônica identificou três "falhas relevantes”
no software do aparelho, informou hoje (1º) o ministro Gilmar Mendes,
presidente da Corte Eleitoral.
Tais falhas, no entanto, não
estavam presentes em eleições anteriores. São oriundas das atualizações
na urna eletrônica realizadas este ano, para uso nas eleições de 2018,
em que se votará para presidente, governador, senadores, deputado
federal e estadual.
Perguntado se as falhas encontradas poderiam
ser uma fonte de preocupação do eleitor em relação à segurança da urna
eletrônica, Gilmar Mendes afirmou que “não há motivo para isso”.
Ao
explicar mais detalhadamente a jornalistas a natureza das falhas
encontradas, o coordenador de Sistemas Eleitorais do TSE, José de Melo
Cruz, disse que “não é nada que venha de outra eleição e que não seja
resolvido em uma semana”.
Participaram
do teste de segurança 16 especialistas em tecnologia da informação
previamente inscritos, que passaram por um processo de seleção de planos
de ataques hackers contra a urna eletrônica, organizado pelo
TSE. Um dia antes dos testes, realizados na sede do tribunal em
Brasília, eles tiveram acesso ao código-fonte do software da urna
eletrônica.
Foram executados 12 planos de testes na urna, segundo
o TSE. Os ataques começaram na última terça-feira (28) e seguem até o
final desta sexta-feira (1º). A pedido de uma das equipes que participam
do TPS, foi acrescentado um dia aos trabalhos.
Falhas
A
principal falha encontrada foi na chave eletrônica que dá acesso à
urna, no momento de transferência das informações sobre os votos.
De
acordo com o coordenador José de Melo Cruz, uma das equipes conseguiu
acoplar um teclado e transferir comandos ao aparelho, tendo acesso ao
arquivo de log, que registra todas as atividades realizadas na
urna durante a votação, e a uma planilha interna com o RDV (Registro
Digital do Voto) dos eleitores.
Ele assegurou, no entanto, que, mesmo com o acesso, foi impossível para os hackers “alterar
ou identificar o voto”. Tal acesso também só seria possível se um
especialista conseguisse acesso físico a algum aparelho, uma vez que as
urnas não possuem nenhum tipo de conectividade de rede. Como há
vigilância constante durante a votação, “isso seria pouco plausível”,
disse Melo Cruz.
Questionado sobre as teorias que surgem a cada
eleição, sobretudo em redes sociais, a respeito da falta de segurança no
sistema da urna eletrônica, Melo ironizou e afirmou que “são tão
verdadeiras quanto a teoria de que a Terra é plana”.
O TPS 2017
continua em andamento e o TSE informou que deve divulgar um relatório
técnico sobre as falhas encontradas no sistema da urna eletrônica pouco
depois da conclusão dos trabalhos.
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