Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Aumenta cada vez mais a ansiedade e a inquietação

Quarta, 9 de setembro de 2020
Por
Helio Fernandes* 

A confusão é total e de todos os lados. Bolsonaro ainda não percebeu que é presidente da república há 1 ano e meio e se recusa a assumir o governo (desgoverno). 

Quando assume erra repetidamente e fingindo que assumiu, vai cometendo erro em cima de erro. Tenta coordenar uma aliança que identificou em 3 palavras: Minha atuação, é sempre em defesa "da Constituição, da liberdade de imprensa e da independência do país". Mas na realidade, faz tudo ao contrário, criando uma enorme confusão.

Ninguém consegue dialogar com ele, pois está sempre mudando de posições, contradizendo o que ele mesmo lançara como programa de governo (desgoverno). Na verdade, essas 3 palavras (defesa da Constituição, da liberdade de imprensa e da independência do país) sozinhas, constituem um plano de governo e não para um dia.

Quando parecia que ia haver um encontro das mais diversas lideranças, ele mesmo modifica tudo.

Agora, é impossível acreditar no presidente eleito com 57 milhões de votos, acreditar nele, seja contra ou a favor.

PS- Com as idas e vindas do presidente, ninguém pode acreditar que possa haver um acordo de partidos, de lideranças, de parlamentares, de personagens pelos cargos que ocupam, têm ou deveriam ter enorme responsabilidade no que está acontecendo, (e que naturalmente vai acontecer) que é o desacerto, o desencontro, a desesperança, sobre o futuro da economia e da política brasileira.

PS2- Haja o que houver, junto com a pandemia, a responsabilidade é totalmente do antigo capitão expulso do exército.

A CADA DIA CRESCE A ANSIEDADE, NÃO SÓ DOS PARLAMENTARES, MAS DE TODO O PAÍS

Tentando mostrar que realmente, conforme a sua própria afirmação "Quem manda sou eu, a última palavra é sempre minha"; Difícil encontrar demonstração maior de arrogância, autoritarismo, à constatação garantida unicamente por ele, que desde o início da eleição, ele jamais escondeu que na sua interpretação da Constituição, da liberdade e da independência, tem que ter exercido isoladamente por ele sozinho.

PS- Como o encontro marcado era para estabelecer e fortalecer a democracia, ninguém acredita nesse programa de governo (desgoverno) que em todas as oportunidades ataca o Congresso, o STF e as próprias autoridades com quem pretende (pretendia) formar uma poderosa aliança à favor da democracia.

PS2- Nesse intervalo aproveita para atacar violentamente o seu poderoso ex-ministro Sergio Moro. Ofende o ministro com estas palavras textuais: "Se ele tivesse dignidade, já teria pedido demissão." De que demissão ele fala, se Sergio Moro já não tem mais nenhum cargo?

PS3- Uma das suas formas mais usadas de expressão, é trabalhar nos bastidores contra os seus maiores amigos.

PS4- Como acreditar num presidente que ataca nas mais diversas oportunidades o ministro da Economia a quem deu "carta branca" (o que muitos chamam de "fritura ostensiva"), agressiva, ofensiva.

PS5- É esse presidente que pretende ou apregoa que seu grande objetivo é defender  e fortalecer a democracia.

O PAÍS MERGULHADO NA MAIS COMPLETA INSATISFAÇÃO, O PRESIDENTE ATACA SEU PRINCIPAL MINISTRO

Foi tão violento o ataque, que chegou a ser propalado e propagado, a mesma coisa duas vezes. O presidente atirando no seu poderoso ministro, foi tão violento e ofensivo que diziam que uma das duas coisas aconteceriam. 1º- o ministro seria demitido. 2º- pediria demissão.

Constatado que não era um rumor, e sim uma realidade, houve um corre-corre tremendo e nenhum dos fatos aconteceu.

Pode ter sido apenas adiado, pois foi tão violenta a fala do presidente, que obrigou a uma reação (não concretizada) do próprio ministro. Fizeram um acordo de bastidores, o ministro concordou em voltar atrás e o presidente concordou em não demiti-lo. Na verdade o ministro foi mais subserviente do que conciliador. 

PS- O ministro vai durar algum tempo (não se sabe quanto) mas seu futuro não tem a menor possibilidade de durar muito tempo.

PS2- Esse é o clima visível, irrefutável, irrevogável entre os dois mais poderosos personagens do governo.

PS3- Pretender fixar um prazo de diálogo entre os dois personagens, seria impossível. Mas qualquer um sabe de ciência certa que eles não viverão ou conviverão os 10 anos do plano previsto quando ele foi nomeado.

PS4- Se em 1 ano e meio de convivência já romperam tantas vezes,  é inacreditável que resistam mais 8 anos e meio sem se divorciarem.

PS5- Não esquecer, que o plano, projeto programa, quando o ministro foi anunciado, (como o gênio da economia com total carta branca que foi logo cancelada) como admitir ou supor que possam resistir mais 8 anos e meio, para cumprir o garantido e prometido compromisso de economia de um trilhão de reais com a privatização de 450 estatais.

PS6- Até hoje não privatizou uma só empresa. As 450 estatais são todas deficitárias ou falidas, tipo de empresas que ninguém está interessado em comprar, principalmente no auge da pandemia.

PS7- Era tal a complacência e a cumplicidade do presidente com o ministro,que ao empossá-lo, Bolsonaro no discurso antes da posse, afirmou: "Ele vai me substituir, pois sou completamente analfabeto em economia".

----------
*Fonte: Blog Oficial do Blog do Jornal Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor.