Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 17 de outubro de 2021

GLOBALIZAÇÃO, DÍVIDA E MISÉRIA e AEPET 60 ANOS ENERGIA BRASIL

Domingo, 17 de outubro de 2021

GLOBALIZAÇÃO, DÍVIDA E MISÉRIA

Por Pedro Augusto Pinho
No fim de semana que prossegue com o feriado do dia do comerciário, 16 a 18 de outubro, o jornal MONITOR MERCANTIL traz artigos e reportagens que dão a real perspectiva da situação do Brasil e do mundo, no ambiente de fake news, fraudes intencionais, engodos de toda ordem e falácias cometidas pelos que têm obrigação de dirigir a sociedade.

No título deste artigo temos duas farsas: globalização e dívida, e sua pior consequência: a miséria física e cognitiva que envolve o mundo. No Monitor Mercantil lemos uma comparação entre dois instantes históricos, no artigo do analista geopolítico Fabio Reis Vianna, em A batalha de Lepanto e os fantasmas da Europa (pag. 2 Opinião). E, no dia 18 de outubro, pela iniciativa da Auditoria Cidadã da Dívida, teremos no youtube, às 19 horas, a apresentação, com debates, da Coordenadora Nacional Maria Lucia Fattorelli, da Auditoria Cidadã, e do jornalista internacional Beto Almeida, sob o título Pandora Papers e o Planejamento do Ilícito.

No jornal e no debate, temos/teremos dados que esclarecem a situação trágica, qual um veneno cósmico em que a Terra mergulhou.

Iniciemos pela farsa da globalização. Quem pode transitar por todo mundo “sem lenço e sem documento” senão as finanças apátridas, quase sempre oriundas de atos ilícitos: tráfico de drogas, prostituição de pessoas de todos os sexos e idades, venda de órgãos humanos obtidos por crime para indústrias de cosméticos, contrabando de armas, corrupções etc. Para estes capitais existiam, no fim de 2019, 84 paraísos fiscais espalhados pelo mundo, estando a maioria, 32, em territórios da Commonwealth Britânica. Hoje, com quase dois anos de covid, já devem existir outros mais.

“Dívida de países pobres vai a US$ 860 bilhões e bate recorde em 2020” é título de reportagem do Monitor Mercantil, onde esclarece que “o Banco Mundial divulgou nesta semana dados que indicam o crescimento de 12% da dívida de países de baixa renda” e “o Grupo Banco Mundial destinou US$ 157 milhões para combater os impactos sanitários, econômicos e sociais da crise”.

Enganam-se os que veem alguma ação altruística do Banco Mundial, onde as grandes potências militares e econômicas do mundo têm a decisão. São recursos que retornam com ganhos de diversas ordens para os países ricos: sob a forma de juros, ou de contratos de fornecimento de bens ou, ainda, de prestação de serviços, inclusive como provocar a miséria nestas nações para que nunca deixem de pagar, várias vezes, a mesma dívida.

A miséria vem narrada sob o título “Fome aumenta no mundo no Dia da Alimentação”. O dia 16 de outubro, as Nações Unidas (ONU) consagram como a data Mundial da Alimentação. Mas o Secretário-Geral António Guterres não pode fugir à constatação que 40% da humanidade “não consegue pagar por uma dieta saudável”. São três bilhões de pessoas vivendo esta situação, esclarece a reportagem. E Guterres acrescenta que os impactos do covid-19 pioraram ainda mais a situação acrescentando 140 milhões de pessoas aos que se encontram sem alimentos.

E o governo do Brasil, a partir do golpista Michel Temer, no que prossegue o presidente Jair Bolsonaro, fecha as fábricas de fertilizantes da Petrobrás, ou as vendem para empresa sediada em paraíso fiscal, deixando a agricultura, que pode abastecer o mundo, pelo solo, pela água, pela tecnologia da EMBRAPA, sem insumo para produção. Uma contribuição a mais do nosso País às finanças internacionais.

E, como seria esperado, a “atividade econômica tem nova queda em agosto”, título à página 3 do Monitor Mercantil. Na comparação com o mês anterior a queda foi 0,15%. Também para o segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) presentou variação negativa de 0,1%. Mas o PIB, por tratar de bens materialmente existentes, tem pouca importância na economia dos países, aonde os derivativos chegam a ser 1.000% superiores, ou seja, há muito mais papel sem lastro circulando e fazendo transferência de renda na economia do que a produção de bens realmente existentes, como é um prato de comida.

Para dar início à mudança, indispensável alteração dos rumos de nossa Pátria para extinção, é necessário começar a estudá-la com afinco, buscando os fatos e não as fantasias das ideologias importadas. Ao invés de ter a bandeira nacional como xale, tê-la no coração.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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AEPET: 60 anos em defesa da Soberania Nacional, da Petrobrás e do seu Corpo Técnico

Ao completar 60 anos, neste domingo, 17 de outubro, a AEPET reafirma seu compromisso com a defesa da Soberania Nacional, da Petrobrás e do seu Corpo Técnico.

A partir desta semana, o espaço “Energia Brasil” ocupará o portal da AEPET, com os seus diretores e conselheiros analisando temas que reflitam o compromisso da instituição. Boa leitura!

Fatos e Dados sobre a política de preços da direção da Petrobrás

Felipe Coutinho

O Estado brasileiro tem o controle acionário da Petrobrás e o governo federal, sob orientação do presidente da República, determina suas políticas de preços, de investimentos, de gestão de ativos e da dívida, de pessoal etc.

A Petrobrás é superavitária na produção de petróleo, ou seja, produz mais petróleo do que se consome no mercado brasileiro.

A estatal tem capacidade de refino para atender o mercado brasileiro dos principais combustíveis de origem fóssil. Suas refinarias são compatíveis com o petróleo brasileiro, tendo processado mais de 95% do petróleo de origem nacional.

Apesar disso, desde 2016 as direções da Petrobrás decidiram inovar e adotar a política dos Preços Paritários de Importação (PPI). Estabelecem preços como se os combustíveis tivessem sido importados, a despeito de terem sido produzidos a partir de petróleos nacionais e refinados no Brasil.

Com preços altos em relação aos custos de importação, os combustíveis da Petrobrás perdem competitividade e até 30% do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias aumenta também em até 30%, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. No 2º trimestre de 2021, a ociosidade das refinarias da estatal foi de 25%. Outra consequência da política de preços é a desnecessária e perniciosa elevação da exportação de petróleo cru.

O custo de extração (lifting cost) da Petrobrás, incluída participação governamental e afretamento, no 2º trimestre de 2021, foi de 18,53 US$/barril. Enquanto o custo de refino foi de 1,63 US$/barril. Totalizando o custo de 20,16 US$/barril, ou seja, de 0,67 R$/litro dos derivados (para a cotação de 5,30 R$/US$, do 2º tri 21).

É correto afirmar que existem outros custos de Exploração e Produção (E&P), além dos custos operacionais de extração, mesmo se incluídos custos de afretamento e participação governamental. Pode se assumir, conservadoramente, que o custo de equilíbrio seja de 25,00 US$/barril. Somado ao custo de refino, também conservador, de 2,00 US$/barril, se totaliza o custo de 27,00 US$/barril, suficientes para arcar com custos operacionais, juros, impostos, seguros, depreciação e amortização. Temos o custo total de 0,90 R$/litro dos combustíveis produzidos, em comparação com os Preços Paritários de Importação (PPI) proporcionam lucros superiores a 100%, o que não se justifica para uma companhia estatal cujo objetivo de criação, e prática em período praticamente integral de sua história, foi de abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis.

A elevação dos preços dos derivados praticados pelas direções da Petrobrás desde 2015, em relação ao preço do petróleo Brent no mercado internacional, é acompanhada da redução do fator de utilização das refinarias da estatal, ou seja, da elevação da sua ociosidade. Em 2014, a ociosidade foi de 2% e o lucro bruto de US$ 37,4 bilhões, enquanto em 2020 a ociosidade chegou a 21% e o lucro bruto foi de US$ 24,5 bilhões, em valores atualizados para 2020.

Apresar de praticar preços relativos mais altos, pode-se observar a redução da geração de caixa e do lucro bruto anuais. Ao mesmo tempo em que se constata redução significativa do investimento. A adoção de preços relativamente mais altos, não necessariamente traz maiores lucros e investimentos, além de, historicamente, se observar o contrário.

A matriz energética mundial depende dos fósseis que representam 85% do total (Petróleo 34%, Carvão 27% e Gás Natural 24%). A energia nuclear representa 4,4% e as potencialmente renováveis 11% (Hidroelétrica 7%, Eólica e Solar 3%, outras 1%).

A participação das energias de origem fóssil na demanda de energia mundial se manteve estável nos últimos 25 anos. É improvável que percam importância relativa nas próximas décadas, considerando sua qualidade (flexibilidade, facilidade de uso, densidade energética e confiabilidade) e quantidade (disponibilidade), em comparação com as demais fontes primárias de energia.

Entre 1965 e 2020, o investimento anual médio da Petrobrás foi de US$ 20,13 bilhões. Entre 2009 e 2014, foram US$ 49,80 bilhões por ano. Em 2020, foi de apenas US$ 8,06 bilhões.

Preços desnecessariamente altos, exportação crescente de petróleo cru e importação de derivados, são consequências da política de preços inédita e arbitrariamente adotada pela direção da Petrobrás. Privatização de ativos rentáveis e lucrativos, desintegração vertical e nacional da Petrobrás, com consequente dependência cada vez maior dos preços do petróleo cru no mercado internacional. Redução drástica dos investimentos e do conteúdo nacional. São decisões de responsabilidade do Presidente da República que podem e devem ser urgentemente revertidas para o bem do Brasil.

Felipe Coutinho é vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)


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ENERGIZANDO


- Manifesto da AEPET e entidades exige fim do PPI, com CPI na Petrobrás


- Cotações internacionais do preço do barril de petróleo seguem há uma semana acima dos US$ 80,00. Se o PPI da diretoria da Petrobrás continuar, mais e maiores aumentos nos preços dos combustíveis estão a caminho.

- 1º GeoPotiguar debate desenvolvimento e o papel da Petrobrás


- ANP publica o edital do segundo leilão dos excedentes da cessão onerosa