Sábado, 5 de maio de 2012
Da IstoÉ, edição: 2217 CPI e Ministério Público investigam como o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira atuou em São Paulo através de contratos da construtora Delta com a Prefeitura e o Estado em obras na marginal Tietê
Pedro Marcondes de MouraCONEXÃO
Em conversas telefônicas, Cachoeira (acima) fala sobre
contratos públicos em São Paulo nas gestões de Serra e Kassab
Os desdobramentos da Operação Monte Carlo, que investiga as relações
do bicheiro Carlinhos Cachoeira com governos estaduais e municipais,
chegaram ao principal bunker da oposição: o Estado de São Paulo. Em
Brasília, parlamentares que compõem a “CPI do Cachoeira” já tiveram
acesso a conversas telefônicas gravadas com autorização judicial entre
junho do ano passado e janeiro deste ano. Elas apontam que a construtora
Delta, braço operacional e financeiro do grupo do contraventor, foi
favorecida nas gestões de José Serra (PSDB) e de seu afilhado político
Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura e também quando o tucano ocupou o
governo do Estado. Em 31 de janeiro deste ano, por exemplo, Carlinhos
Cachoeira telefona para Cláudio Abreu, o representante da empreiteira na
região Centro-Oeste, atualmente preso sob a acusação de fraudar
licitações e superfaturar obras. Na ligação (leia quadro na pág. 43), o
bicheiro pergunta se Abreu teria conversado com Fernando Cavendish,
oficialmente o dono da construtora, sobre “o negócio do Kassab”. Em
seguida, diz a Abreu que o prefeito de São Paulo “triplicou o contrato”.
Essa conversa, segundo membros da CPI e do Ministério Público de São
Paulo, é um dos indícios de que a organização de Cachoeira também teria
atuado com os tucanos e seus aliados em São Paulo. “Os depoimentos de
Cachoeira e Abreu serão fundamentais para que se descubra o alcance das
relações entre a empreiteira e políticos”, diz o relator da CPI,
deputado Odair Cunha (PT-MG).
A Delta começou a prestar serviços à capital paulista em 2005, quando Serra assumiu o comando do município. Inicialmente, os contratos somavam R$ 11 milhões. A partir de 2006, quando Serra deixou a prefeitura e venceu as eleições para governador, os negócios da empreiteira com o município se multiplicaram, em muitos casos sem licitação. Em 2010, ano em que o tucano disputou a Presidência, os repasses chegaram a R$ 36,4 milhões. Entre 2008 e 2011, os pagamentos da prefeitura para a Delta ultrapassaram R$ 167 milhões. O que chama mais a atenção da CPI e do Ministério Público de São Paulo, porém, é o fato de a Delta ter vencido em outubro do ano passado uma concorrência para limpeza urbana no valor de R$ 1,1 bilhão. O MP abriu um inquérito para apurar se houve fraude na licitação. Há suspeitas de uso de documentos falsos e de edital dirigido. “Se a Delta cometeu essas irregularidades em outros Estados e municípios, precisamos apurar se isso ocorreu também em São Paulo”, diz o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público. Na quarta-feira 2, ele encaminhou ofício à PF, solicitando acesso às investigações da Operação Monte Carlo. Leia a íntegra
A Delta começou a prestar serviços à capital paulista em 2005, quando Serra assumiu o comando do município. Inicialmente, os contratos somavam R$ 11 milhões. A partir de 2006, quando Serra deixou a prefeitura e venceu as eleições para governador, os negócios da empreiteira com o município se multiplicaram, em muitos casos sem licitação. Em 2010, ano em que o tucano disputou a Presidência, os repasses chegaram a R$ 36,4 milhões. Entre 2008 e 2011, os pagamentos da prefeitura para a Delta ultrapassaram R$ 167 milhões. O que chama mais a atenção da CPI e do Ministério Público de São Paulo, porém, é o fato de a Delta ter vencido em outubro do ano passado uma concorrência para limpeza urbana no valor de R$ 1,1 bilhão. O MP abriu um inquérito para apurar se houve fraude na licitação. Há suspeitas de uso de documentos falsos e de edital dirigido. “Se a Delta cometeu essas irregularidades em outros Estados e municípios, precisamos apurar se isso ocorreu também em São Paulo”, diz o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público. Na quarta-feira 2, ele encaminhou ofício à PF, solicitando acesso às investigações da Operação Monte Carlo. Leia a íntegra