Quarta, 30 de maio de 2012
  
  
    Por Marcelo Matos
Da Página do MST
Na manhã 
desta segunda-feira (28), cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras Sem
 Terra ocupavam a prefeitura de Senador Pompeu no Sertão Central 
cearense. A manifestação era para cobrar dos governos municipal e 
estadual uma solução para a situação de seca que vivem os agricultores 
da região.
Entre os pontos de pauta estava a liberação imediata do seguro safra,
 abastecimento de água para mais de 30 comunidades incluindo os 
assentamentos, trabalho e renda no campo. A manifestação estava pacífica
 até a chegada da Polícia Militar.
Por volta das 9h, entretanto, a
 PM entrou na prefeitura atirando em vários manifestantes. Não só os 
trabalhadores rurais ficaram indignados com a ação da polícia, como 
também causou revolta na população do município que veio prestar 
solidariedade aos Sem Terra. O cinegrafista do centro de defesa dos 
direitos humanos que filmava a manifestação, Fran Paulo, teve seu 
equipamento atingido diretamente.
O Policial Militar identificado
 pelo nome Humberto foi o que mais efetuou disparos. “Um ato de extrema 
violência! Acabei de levar um tiro de um policial! A bala entrou na 
lente da filmadora!”, disse o cinegrafista indignado.  O caso foi 
registrado da Delegacia Civil de Senador Pompeu, onde o Fran Paulo fez o
 registro do boletim de ocorrência.  
Uma equipe foi à delegacia 
da Polícia Civil registrar o boletim de ocorrência e ao fórum da cidade.
 Os movimentos sociais esperam que o poder público apure os fatos e que 
os policiais que participaram da ação sejam punidos.
No momento 
em que os fatos estavam ocorrendo, o Prefeito Ibervam Ramo (PSDB) estava
 em reunião com o governador do estado Cid Gomes (PSB). No entanto, não 
houve pronunciamento do prefeito sobre o caso nem fez qualquer 
articulação para evitar um confronto maior. 
Ao dar continuidade à
 manifestação à tarde, os agricultores cobravam do Ministério Público 
uma ação imediata de apuração e condenação dos envolvidos.
Medidas 
"Em
 todos esses 168 municípios, foi constatada a perda de safra superior a 
2,77% das receitas dos municípios. Portanto, estou assinando a 
emergência de todos eles e remetendo ao Governo Federal. Peço o apoio da
 bancada para que isso seja analisado com a maior brevidade e todas as 
ações que requerem essa providência sejam adotadas o mais rápido 
possível", declarou Cid Gomes sobre a questão da seca. 
O 
governador anunciou o pagamento de mais uma parcela extra do Garantia 
Safra - que serão pagos pelo Governo Federal -, ampliando o valor em 
mais R$ 136,00, chegando aos R$ 716,00.
Apesar das medidas 
anunciadas pelo governador, os recursos estão longe de chegar à 
população atingida e os movimentos sociais prometem mais ocupações de 
rodovias e protestos nas prefeituras. 
Os movimentos sociais 
consideram que essas ações são insuficientes para resolver os problemas 
estruturais caudados pela seca. No mês de abril, o MST entregou uma 
proposta ao governador do estado com várias medidas que possibilitavam a
 permanência dos agricultores no campo, que vão desde a construção de 
barragens subterrâneas, poços artesianos, açudes, cisternas de placa e 
materiais para possibilitar pequenas irrigações para o processo 
produtivo.
Para a coordenadora do MST no Ceará Antonia Ivoneide, 
“é preciso que haja medidas concretas que resolva a situação, medidas 
paliativas não vão resolver os problemas” afirma.
No fim da 
tarde, o prefeito chegou para receber a equipe de negociação, formada 
por representantes do MST, Centro de Defesa dos Direitos Humanos e 
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Senador 
Pompeu. Ao chegar à prefeitura, o prefeito foi recebido com vaias pelos 
manifestantes em sinal de protestos.
No inicio da audiência, a 
comissão reclamou e chamou a atenção do prefeito pelo fato ocorrido. A 
pauta, por sua vez, foi atendida em partes no que dependia da 
prefeitura. Houve a assinatura de um termo onde o prefeito Ibervam se 
comprometia em resolver as necessidades mais urgentes dos agricultores, 
como abastecimento de água, cestas para o acampamento João Sem Terra, 
entre outros pontos.
 
 
 
