Sexta, 8 de abril de 2016
Audiência pública na CLDF revela defensor das OSs e algoz dos servidores
Do SindSaúde-DF e Blog do Sombra
A audiência pública promovida pelo presidente da Comissão de
Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa
(CFGTC), Rodrigo Delmasso, realizada nesta quinta-feira (7), no
plenário da Casa, revelou bem mais que o Relatório da Gestão da
Secretaria de Saúde referente ao 3° Quadrimestre de 2015. O evento
serviu de palco para evidenciar aqueles que defendem a implantação das
organizações sociais e, pior ainda, culpam os servidores pelos problemas
no atendimento ao paciente. De um lado, o secretário de Saúde, Humberto
Fonseca, e do outro, o deputado distrital Roosevelt Vilela. ...
Questionado pelo deputado Chico Leite sobre o projeto das OSs, Fonseca
enalteceu as organizações como uma possível solução. “O que eu entendo é
que a gente tem que ter um novo modelo de assistência à saúde. Esse
modelo passa por metas e resultados, mas nós temos limitações (Lei de
Responsabilidade Fiscal). Eu entendo que a presença da gestão por OS
contribui de forma complementar e, mantendo todos os controles do
Estado, possa nos ajudar a fazer isso”, opinou. O secretário disse que
não quer antecipar o debate que deverá ser feito com a Câmara, entidades
sindicais e população, mas deixou clara sua inclinação favorável à
implantação. “Lado a lado, iniciativa privada e administração direta,
temos contribuições para dar um ao outro”.
A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, fez duras críticas à gestão
das organizações sociais a qual classificou como mais um tipo de
terceirização. “Não me venha dizer que no Distrito Federal não tivemos
exemplo disso porque já tivemos sim. Em Santa Maria (Sociedade Real
Espanhola), um fracasso que até hoje existem sequelas. Nos institutos
Zerbini e Candango até os funcionários foram largados”, lembrou. “Se OS
fosse tão bom, Goiás não faria tanta pressão nos nossos hospitais”,
completou.
O distrital, suplente de Joe Valle, Roosevelt Vilela demonstrou
irritação com a fala da presidente e chegou a acusar os servidores da
saúde pelo caos nos hospitais. “O servidor público tem que vincular o
salário dele ao trabalho. O que eu vejo é uma desvinculação, ele passa
no concurso público e ele fala: Não, isso é uma herança que eu ganhei,
vitalícia. Não vai ter que trabalhar não? Ah, trabalhar é outra
situação”, ironizou o parlamentar.
Berçário e UCIN do HRG desfalcada
A presidente citou ainda a situação da o berçário e o UCIN (Unidade de
Cuidados Intermediários) do Hospital Regional do Gama (HRG) que teve
mobiliário, servidores e pacientes transferidos para o Hospital Regional
de Santa Maria (HRSM), fragmentando o atendimento. “Foi uma maquiagem
para inaugurar algo que sequer é novo. O HRG é um Hospital Amigo da
Criança, tenho 32 anos da minha vida dedicados àquele lugar e vi crescer
esse projeto com profissionais comprometidos. Agora quem precisa de
incubadora tem que ser levado para Santa Maria e nessas horas o tempo
conta muito”. O secretário negou a situação.
O presidente da AMBr (Associação Médica de Brasília), Luciano
Gonçalves, também não concorda com a terceirização. "Não podemos nunca
fazer a terceirização, a descolagem da minha responsabilidade como
médico, colando em outros setores que possam justificar aquilo que não é
possível operar", disse.
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Comentário do Gama Livre: Deixem descansar em paz o espírito do Velho Socialista Arraes, ex-governador de Pernambuco.
Como estará neste momento o espírito de Arraes se porventura, e por infelicidade, passou na CLDF no momento dessa audiência pública, realizada ontem (7/4)?
Triste, decepcionado, infeliz, certamente!
Decepcionado (e com a certeza de ser traído) pelo posicionamento de um governo da capital do Brasil, que é chefiado por alguém que se diz socialista e do PSB, mas se manifesta pela privatização da saúde, posição reforçada também por um deputado distrital, que se diz (ou não diz?) socialista, e que é do PSB, num discurso falacioso (para não usar outro termo), e desrespeitoso contra cada um dos servidores públicos do país.
Não desculpe, Arraes. Eles sabem o mal que estão fazendo às mais caras bandeiras por você levantadas na sua vida política e de governante de um estado tão importantes quanto o seu querido Pernambuco.