Quarta, 13 de abril de 2016
Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil
A Paróquia São Pedro, no Distrito Federal, citada
na 28° fase da Operação Lava Jato por ter recebido R$ 350 mil da
construtora OAS, também obteve doações das construtoras Andrade
Gutierrez e Via Engenharia.
Em nota divulgada hoje (13), o padre
Moacir Anastácio de Carvalho, responsável pela igreja, diz que, em maio
de 2014, a Paróquia São Pedro recebeu um depósito de R$ 350 mil da OAS
por intermédio de Gim Argello, que é frequentador da igreja e foi preso ontem (12) na 28° fase da Lava Jato.
Em
junho do mesmo ano, a Andrade Gutierrez repassou R$ 300 mil para a
igreja, com intermediação espontânea do então governador Agnelo Queiroz
(PT). A paróquia também confirma que recebeu doação da Via Engenharia,
mas não informou data nem valores.
Na nota, o pároco diz que os
recursos foram doações para o evento de Pentecostes e outras obras
sociais e que a paróquia não teve contato com os dirigentes das
empresas. A instituição diz ainda que as doações estão todas
“contabilizadas e à disposição das autoridades”.
“Por sermos uma
instituição religiosa, que sobrevive basicamente de doações, jamais
celebramos qualquer tipo de contrato de prestação de serviços com a
construtora OAS ou com qualquer outra empresa”, diz a nota.
De
acordo com o padre Moacir, há 17 anos a paróquia realiza o evento
Semana de Pentecostes e sempre recebeu doações para custeio das
despesas. Em 2014, um deputado distrital integrante da coordenação do
evento se ofereceu para conseguir patrocinadores e pediu a ajuda de Gim
Argello, que então teria procurado a OAS, conta o religioso.
Ontem,
o Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) informou que “não há
indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que
tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores”.
O ex-senador
Gim Argello foi preso preventivamente, em Brasília, sob suspeita de ter
recebido propina em troca de sua atuação política em comissões
parlamentares de inquérito que investigavam corrupção na Petrobras. A
28º fase da Lava Jato, deflagrada ontem, recebeu o nome de Vitória de
Pirro e cumpriu mandados judiciais em Brasília, Rio de Janeiro,
Taguatinga (DF) e São Paulo.
Defesa
A
família do ex-senador Gim Argello emitiu nota ontem (12) na qual
manifesta “indignação” com a medida. “Sua prisão – baseada apenas em
denúncias não confirmadas – é injustificada sob qualquer ótica”, disse a
nota.
Segundo a família, o ex-senador sempre colaborou com a Polícia Federal e nunca se opôs a prestar esclarecimentos ou informações.
Em
nota, também divulgada ontem, a Arquidiocese de Brasília informou que
aguarda mais informações sobre o "fato veiculado" pela imprensa "a
respeito da doação a uma paróquia de Brasília". "Comunicamos que as
doações dos fieis para a sustentação econômica da Igreja são acolhidas
de acordo com as normas estabelecidas pela legislação civil e
eclesiástica, rejeitando qualquer procedimento que não esteja de acordo
com a lei e defendendo a sua rigorosa apuração.