Sexta, 14 de outubro de 2011
Da Revista Época.com
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias
Ferreira é um personagem recorrente de denúncias envolvendo o Ministério
do Esporte. Dias presidiu duas entidades acusadas de desviar cerca de
R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo do Ministério. Desde o começo das
denúncias, Ferreira sempre se manteve na sombra. Há duas semanas,
porém, ele mudou de atitude. Ferreira criou um blog e passou a atacar
desafetos por meio dele. No blog, Dias promete, entre outras coisas,
fazer revelações sobre “arrecadadores da gestão do Orlando Silva
(ministro do Esporte)”. Ferreira afirma, também, que um ex-servidor do
ministério, supostamente requisitado por Orlando Silva, cobrava propina
para “sumir” com processos de prestação de contas dos convênios
supostamente fraudados. Dias afirma que não pagou pelo serviço, mas dará
nomes de quem teria aceitado pagar. O advogado de João Dias disse que
não conseguiu localizá-lo para comentar o conteúdo do blog. Em nota à
revista, o Ministério do Esporte afirma que não comentará
“invencionices” do policial. Disse, ainda, que o autor das denúncias
deveria “procurar a justiça”.
Reportagem publicada no blog Quidnovi, na sexta-feira, afirma que o
soldado João Dias detalhou, a uma pessoa próxima à presidente Dilma
Rousseff, desvios de dinheiro do programa Segundo Tempo para o PC do B,
partido do ministro Orlando Silva. Ainda de acordo com a reportagem,
Dias deu informações sobre desvios no contrato que o Ministério do
Esporte mantém com uma empresa de publicidade. Entre os favorecidos com
as supostas irregularidades estariam ex-funcionários e o chefe de
gabinete do ministro Orlando Silva, Vicente José de Lima Neto. Segundo o
Ministério do Esporte, a empresa foi contratada mediante licitação e as
afirmações (João Dias) não têm fundamento. “As insinuações são
invencionices”, diz a nota.
Em maio do ano passado, ÉPOCA publicou reportagem sobre relatório final da Operação Shaolin,
da Polícia Civil de Brasília, que investigou desvios no Segundo Tempo a
partir de convênios com as associações de João Dias. De acordo com a
apuração da polícia, empresas de fachada cobravam 17% do valor das notas
para emitir os papéis frios, sacar os recursos depositados pelas
associações em suas contas e devolver o dinheiro para as ONGs de João
Dias: a Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak) e a Associação João
Dias de Kung Fu. As associações foram contratadas para desenvolver
atividades esportivas com alunos da rede pública de ensino. Os
investigadores afirmam que Dias desviou recursos para a compra de uma
casa avaliada em R$ 850 mil para construir duas academias de ginástica e
financiar sua campanha para deputado distrital em 2006.