Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O bom ladrão e os ladrões canalhas

Sexta, 7 de outubro de 2011
Será que alguma emissora de TV ou de rádio de Brasília abriria espaço para que eu fizesse um apelo na tentativa de sensibilizar um determinado grupo de pessoas da cidade? 

Explico. Na cidade de Serrinha, próxima a minha pequena, mas muito querida, Itiúba, região do sertão da Bahia, um homem, Manoel Damasceno, teve sua casa furtada. Foram levados principalmente aparelhos eletrônicos, inclusive a sua querida TV. Damasceno não deu queixa à polícia. Foi a um programa de rádio e partiu para a “sensibilidade” do criminoso. Apelou, chorou e insistiu para que aquele que ele chamava de “Seu Ladrão” devolvesse os bens furtados.

E não é que no outro dia ao chegar a sua casa estavam lá na sua porta todos os aparelhos levados na véspera?

Este caso do ladrão baiano fez surgir em mim uma idéia. Apelar “ao vivo” em programas de TV e rádio para que os ladrões dos mensalões federais, do mensalão do DF, das obras mal licitadas e pior ainda contratadas, dos Transportes, Turismo, sanguessugas, ambulâncias, Satiagraha e tantos outros casos, devolvam o dinheiro roubado do povo. Que coloquem na porta do cofre os bens criminosamente levados.

Isso, certamente, é um sonho. O ladrão baiano é um exemplo do “bom ladrão”. Os nossos ladrões aqui em Brasília, os larápios dos cofres públicos, os pilantras que não roubam apenas meia dúzia de simples aparelhos eletrônicos, mas milhões de reais da saúde, da educação, dos transportes, do saneamento, da segurança, certamente não podem ser enquadrados como “bons ladrões”. São da pior espécie possível, escória de políticos e empresários, canalhas da humanidade. Eles não devolvem. Praticam roubo continuado.

Esqueçam o apelo na mídia. Só cadeia poderia dar algum resultado com esse tipo de ladrão. E, infelizmente, no Brasil cadeia não foi feita para eles.