Sábado, 26 de novembro de 2011
ÉPOCA teve acesso a documentos inéditos
produzidos pelo Cenimar, o serviço de informações da força naval. Eles
revelam o submundo da repressão às organizações de esquerda durante a
ditadura militar
LEONEL ROCHA
Uma caixinha de papelão do tamanho de um livro guardou por mais de três
décadas uma valiosa coleção de segredos do regime militar implantado no
Brasil em 1964. Escondidas por um militar anônimo, 2.326 páginas de
documentos microfilmados daquele período foram preservadas intactas da
destruição da memória ordenada pelos comandantes fardados. Os papéis
copiados em minúsculos fotogramas fazem parte dos arquivos produzidos
pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), o serviço secreto da
força naval. Ostentam as tarjas de “secretos” e “ultrassecretos”, níveis
máximos para a classificação dos segredos de Estado e considerados de
segurança nacional. Obtido com exclusividade por ÉPOCA, o material
inédito possui grande importância histórica por manter intactos
registros oficiais feitos pelos militares na época em que os fatos
ocorreram. Para os brasileiros, trata-se de uma oportunidade rara de
conhecer o que se passou no submundo do aparato repressivo estruturado
pelas Forças Armadas depois da tomada do poder em 1964. Muitos dos
mistérios desvendados pelos documentos se referem a alguns dos maiores
tabus cultivados pelos envolvidos no enfrentamento entre o governo
militar e as organizações de esquerda.