Sexta, 14 de setembro de 2012
Por Ivan de Carvalho
Divulgada
mais uma pesquisa Ibope/TV Bahia, constata-se o que os meios políticos já
haviam percebido – um lógico e esperado avanço do candidato da ampla coligação
liderada pelo PT, deputado Nelson Pelegrino, nas intenções de voto.
Sempre
na segunda posição entre os diversos candidatos, ele vinha avançando
lentamente, o que denotava extrema dificuldade de produzir uma campanha eficaz
e, sobretudo, uma forte resistência do eleitorado em assimilar a candidatura.
Basta
fazer uma comparação, levando em conta apenas os tempos iniciais da campanha
eleitoral e as três pesquisas realizadas pelo Ibope para a TV Bahia, dentro do
sistema de acompanhamento das inclinações do eleitorado montado pela Rede
Globo.
Não
é possível dizer que Pelegrino partiu do nada, ou quase nada, para conquistar
pontos na preferência dos eleitores. Não. Ele é um político de bastante
destaque. Já foi líder do PT na Câmara dos Deputados, assim como seu principal
concorrente, ACM Neto, é líder do Democratas. Muito conhecido do eleitorado da
capital, onde concentra sua atividade política e controla o diretório municipal
do PT há muito tempo. Já foi, antes, candidato a prefeito de Salvador três
vezes e tentou a quarta vez em 2008, quando disputou eleições prévias no PT
contra o então deputado e hoje senador Walter Pinheiro, afinal vencedor das
prévias graças ao decidido e decisivo apoio que recebeu, na última hora, do
governador Jaques Wagner.
Bem,
na primeira pesquisa Ibope/TV Bahia, realizada de 28 de julho a 2 de agosto,
Pelegrino teve 13 por cento das intenções de voto, enquanto ACM Neto cravava 40
por cento. A segunda pesquisa Ibope/TV Bahia, realizada entre 19 e 24 de
agosto, registrou um crescimento de apenas três pontos percentuais nas
intenções de voto em Pelegrino. Quase uma insignificância, embora indicando uma
tendência para o crescimento. Enquanto isto, ACM Neto mantinha-se inabalável
nos 40 por cento.
A
pesquisa Ibope/TV Bahia divulgada ontem apresentou, afinal, o resultado há
muito esperado e tido como praticamente certo no meio político, tendo em vista
os diversos fatores que favorecem um crescimento de Pelegrino – este salta, nas
pesquisas, abandonando o ritmo de jabuti que vinha exercitando, de 16 para 27
por cento. São onze pontos percentuais em 19 dias. Mas note-se que ACM Neto
manteve-se firme em seu patamar: ao invés de 40, teve 39 por cento das
intenções de voto, o que, tratando-se de pesquisas eleitorais, não é relevante.
Este agora é o problema para o candidato do PT: ele sobe, mas o adversário
principal não desce. E está com 12 pontos de vantagem.
Muitos fatores
favorecem a ascensão de Pelegrino. Ele tem quase metade do tempo total de
propaganda eleitoral no rádio e televisão, o apoio dos governos federal e
estadual, os apelos de Lula, recursos financeiros muito mais fartos para a
campanha do que conseguem os demais candidatos, uma militância muito maior,
embora, em parte, pouco motivada, pelo menos nas primeiras fases da campanha. E
até propaganda indireta, como o anúncio da presidente Dilma Rousseff de que vai
desonerar as tarifas de energia elétrica a partir de 2013... Note-se que
Pelegrino cresceu até agora dentro do espaço tradicional do PT em Salvador e se
aproxima do teto petista, que é em torno de 30 por cento do eleitorado. Isso
significa que a velocidade de crescimento obtida entre a segunda e a terceira
pesquisas Ibope/TV Bahia dificilmente persistirá. O crescimento, sim, mas a
velocidade, improvável.
A pesquisa
divulgada ontem traz, no entanto, um dado mais importante do que o crescimento
de Pelegrino e a firmeza de ACM Neto no patamar que ocupa desde o início da
campanha – o segundo turno, que já foi uma hipótese muito provável, vai se
tornando uma realidade.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.
