Segunda, 14 de janeiro de 2013
Por Gilvan Rocha
O
Partido dos Trabalhadores já passou dos trinta, quanto partido institucional.
Nasceu verdíssimo e como se diz que o verde é a cor da esperança ele exalava
esperanças por todos os poros.
Três
eram os esteios desse partido. O primeiro deles era o sindical. Era o mais
forte e o que inspirava maiores esperanças, calcadas na intuição e no instinto
de classe. Assim pensávamos.
O
segundo grande esteio na composição do Partido dos Trabalhadores eram as chamadas
CEB’s – Comunidades Eclesiais de Base, movimento apoiado na então propalada Teologia da Libertação. A tradição do
cristianismo não é a de erradicar a pobreza. A isso ele nunca se propôs, todo o
seu pensamento poderia ser resumido na afirmação do padre dominicano Regis Lebrê,
quando dizia ser obrigação dos cristãos “empenharem-se para que os ricos fossem
menos ricos e os pobres menos pobres”. Não podemos deixar de lembrar que a “nossa”
Santa Madre Igreja teve um papel importantíssimo no processo do golpe de Estado
em 1964. A CNBB chegou, em documento oficial, a agradecer os préstimos das
“gloriosas Forças Armadas” que libertaram o Brasil das garras sinistras do
comunismo ateu.
O
terceiro esteio na formação do PT era o mais frágil, extremamente fracionado e politicamente
atrasado, confuso e prostrado diante da capitulação geral que se avizinhava.
Tratava-se de dezenas de grupelhos de origem marxistas-leninistas-trotskistas
ou, simplesmente, marxistas-leninistas. Esses grupelhos traziam consigo todos
os defeitos de nascedouro, eram grupos de matrizes stalinistas e, assim sendo,
não se cansavam de levar à prática um exacerbado monolitismo, uma absoluta
supressão do livre debate, a excludência do tipo “somos o povo escolhido de
Deus”, o aparelhismo como objetivo precípuo, fosse ele de estado, sindical ou
partidário, usando para os seus fins políticos a rasteira e a calúnia.
No
começo, a burguesia egressa dos anos de ditadura amedrontou-se com a
possibilidade da real implantação de um partido que representasse os interesses
históricos dos trabalhadores. Buscou de todas as formas inviabilizar essa
proposta, fosse pela via da confusão da legislação eleitoral ou pela via da
intolerância e da perseguição. Frustradas essas tentativas anti-petistas
levadas a cabo pela direita troglodita, o seguimento burguês mais lúcido onde
estavam incluídas figuras como: Mario Covas, Ulisses Guimarães, Franco Montoro,
Fernando Henrique, Teotônio Vilela e uns poucos outros, compreendeu,
perfeitamente, que “o leão era mansinho”, ou seja, o assustador Partido dos
Trabalhadores – PT, não era e não viria a ser uma organização de caráter
anticapitalista como temiam os menos avisados e pretendia alguns socialistas
revolucionários.
Além
da boa fé da imensa maioria dos que aderiram ao Partido dos Trabalhadores,
acreditava-se no refrão de que o PT seria um partido diferente. Ou noutro
momento, levou-se a sério a afirmação de Luis Inácio Lula da Silva de que o que faltava no Brasil era “vergonha na
cara”. Noutro instante o “salvador” proclamou que existia no congresso
nacional “mais de trezentos picaretas”.
Deixou de dizer, entretanto, que esses picaretas haveriam de ser os seus mais
sólidos aliados.
Lula
no governo veio provar que o “leão era realmente mansinho”. O seu governo
garantiu os maiores lucros para a burguesia, enquanto concedeu migalhas de
vantagens ao sofrido povo e transformou a massa de miseráveis, através do
programa Bolsa Família, num imenso colégio eleitoral, que bem lhe serviu para
reelegê-lo e eleger sua sucessora Dilma Rousselff.
A
cada concessão que fazia o governo Lula e seus apaniguados a burguesia exultava
e proclamava aos quatro quantos: “O PT já não é mais aquele partido verde, hoje
ele é maduro e totalmente confiável”.
Antes,
Lula e sua laia distanciavam-se dos PMDBistas de perfil ideológico como eram
Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Mario Covas, Teotônio
Vilela, como já citamos. Hoje, ao deixar de ser “maduro” para se tornar PODRE,
assumiu de público, sem nenhum recato, estreita aliança com o que existia e existe
de mais pútrido, mais picareta, mais fisiológico no cenário nacional.
É nosso dever estabelecer a diferença entre os interesses
imediatos do povo trabalhador e seus interesses históricos. Os interesses
imediatos consistem em se defender da ganância desabrida de uma burguesia
sempre famélica por vultosos lucros. O defender-se, o buscar uma ou outra
melhoria nas condições de vida é uma tarefa de casa, de cada dia, das massas de
trabalhadores. Outra coisa é lutar pelos interesses históricos dessas massas.
Outra coisa é quebrar as algemas que prendem a humanidade à cruel dominação
capitalista. O interesse imediato, o interesse reformista reduz-se à busca da
migalha, os interesses históricos representam a busca da total liberdade.