Sábado, 16 de março de 2013 
Novo procurador quer 
banir todo conteúdo que, em sua avaliação, represente calúnia, injúria 
ou difamação a colegas. No 1º semestre de 2012, órgãos públicos tentaram
 remoção de 2.310 conteúdos nas plataformas do Google
Laryssa Borges e Renata Honorato
Recém-empossado no cargo de procurador da Câmara dos Deputados, o 
deputado Cláudio Cajado (DEM-BA) flerta com a censura na web. Ele 
pretende banir da internet todo conteúdo que, em sua avaliação, 
represente calúnia, injúria ou difamação a congressistas. Sob o 
argumento de ser “responsável pela defesa da honra e da imagem da 
instituição e de seus parlamentares”, o parlamentar quer fechar um 
acordo com o Google para facilitar a retirada de vídeos do YouTube e 
textos do Blogger, ambas plataformas da empresa, sem necessidade de 
notificação judicial. 
A ideia do deputado é tornar sistemáticas iniciativas ocorridas nas 
eleições de 2012, quando candidatos a prefeito e vereador pleitearam a 
retirada do ar de conteúdos que não lhes eram simpáticos, sendo em 
muitos casos atendidos pela Justiça Eleitoral. Na época, a Polícia 
Federal chegou a prender o diretor-geral do Google no Brasil, Fábio Coelho, porque a empresa, que ainda recorria de uma decisão judicial, não havia banido vídeos desfavoráveis a Alcides Bernal (PP), um dos candidatos a prefeito de Campo Grande (MS).
Segundo relatório do Google, entre janeiro e junho de 2012, órgãos das 
diferentes esferas do poder público (federal, estadual e municipal) 
solicitaram a remoção de 2.310 conteúdos publicados em suas plataformas —
 Picasa, YouTube, Orkut e Blogger, além do próprio serviço de buscas. 
Metade dos pedidos (1.231, ou 53%) alegava que o material não passava de
 pura difamação. A Procuradoria da Câmara trabalha para aumentar as 
estatísticas. Atualmente, o órgão tenta negociar com a companhia dois 
casos de remoção de conteúdo considerado impróprio pelos deputados 
envolvidos e também pelo procurador Cajado.
O levantamento do Google não filtra as solicitações vindas a partir dos
 deputados federais, mas a empresa garante que o volume de pedidos a 
cada semestre é de pouco mais de uma centena. "Nos períodos eleitorais, 
esse número dobra ou triplica", explica Felix Ximenes, diretor de 
comunicação do Google Brasil. A companhia reitera ainda ainda que sua 
posição é de defesa do direito de acesso à informação e da liberdade de 
expressão. "Informação geralmente significa mais escolhas, mais poder, 
melhores oportunidades econômicas e mais liberdade para as pessoas", 
disse publicamente o presidente da companhia, Fábio Coelho, na ocasião 
de sua detenção, no ano passado.
Cajado é contra esse "excesso de liberdade" na internet e não se acanha
 ao expor a intenção de facilitar a remoção de conteúdo envolvendo 
congressistas. "Temos que estabelecer essa discussão sobre as ofensas em
 vídeos e textos independentemente da Justiça, pelo bom senso das 
pessoas", justificou o deputado ao site de VEJA. Logo após assumir o 
posto de procurador da Câmara, ele procurou o Google. Argumentou que a 
retirada imediata de vídeos considerados ofensivos seria uma reposta à 
uma "violação ao espírito democrático que deve prevalecer nas relações 
entre Poder Legislativo e meios de comunicação".
 
 
 
