Do Blog do Mino
19/02/2015 17:09
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa
usou novamente a rede de microblog Twitter para se posicionar em relação
à polêmica com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Barbosa
escreveu que recebia, sim, advogados. "Mas informava a parte contrária,
para que ela pudesse estar presente, se quisesse", completou.
Segundo o ex-presidente do STF, "o processo judicial cuida de
interesses ferrenhamente contrapostos". "Tem de ser transparente, dar
igualdade de chances às partes", escreveu. Ele afirmou ainda que em
processos judiciais "não devem existir encontros "en catimini", às
escondidas, entre o juiz e uma das partes.
"Igualdade de armas é o lema", completou. Barbosa cita "o saudoso"
ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, que defendeu o
ex-executivo do Banco Rural José Roberto Salgado no processo do
mensalão e diz que atendeu ao pedido do defensor de ser recebido "no
meio do julgamento da AP 470". "Recebi-o, na presença do PGR
(procurador-geral da República)", afirmou.
O ex-presidente do STF afirmou também que suas palavras são
"torcidas" e "retorcidas". "Incrível como torcem e retorcem o que eu
digo! O objetivo é claro: desviar a atenção da essência daquilo que foi
objeto do meu comentário", escreveu o ex-ministro. Após a divulgação
de notícias sobre reuniões do ministro da Justiça com advogados de
empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, Barbosa usou,
recentemente, a rede social para pedir a pediu a demissão de Cardozo e
continuou a opinar sobre o caso. "Se você é advogado num processo
criminal e entende que a polícia cometeu excessos/deslizes, você
recorre ao juiz. Nunca a políticos!", escreveu.
Hoje, em suas postagens, o ex-presidente do Supremo explica que
falou na ocasião apenas sobre uma reportagem "em que se relatava uma
tentativa de interferência da política em assunto 'jurisdicionalizado'.
Só". Segundo Barbosa, há uma tentativa de desvirtuar suas críticas.
"Desvirtuamento: passou-se a falar sem parar sobre direito de advogado
ser recebido por autoridades; que eu não recebia advogados!", escreveu.
Outro lado
Após as críticas de Barbosa, o ministro recebeu mensagens de
solidariedade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade alega
que o diálogo de Cardozo com os advogados das empreiteiras é uma
prerrogativa constitucional é que "não é admissível criminalizar o
exercício da profissão".