André
Richter - Enviado Especial da Agência Brasil/EBC
Em novo depoimento
prestado hoje (4) em uma das ações penais da Operação Lava Jato, o ex-consultor
da empresa Toyo Setal Júlio Gerin de Camargo confirmou ter pago R$ 15 milhões
em propina aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque,
responsáveis pelas diretorias de Abastecimento e Serviços e Engenharia,
respectivamente.
De acordo com as
declarações de Camargo, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério
Público, o valor foi dividido entre os ex-diretores para que o consórcio
Ecovap, formado pelas empresas Toyo Japão, OAS e Setal Óleo e Gás, assinasse
contrato com a estatal. Segundo ele, os valores destinados a Costa eram
depositados em contas no exterior, indicadas pelo doleiro Alberto Youssef.
Em outro depoimento
prestado nessa terça-feira (3), Júlio Gerin Almeida Camargo confirmou que pagou
R$ 12 milhões a Renato Duque. Camargo afirmou que atuou para garantir que o
consórcio formado pela Camargo Correa e a Setal Óleo e Gás assinasse um
contrato com a estatal para a ampliação da Refinaria Presidente Getulio Vargas
(Repar), em Araucária, no Paraná, obra orçada em R$ 2,4 bilhões.
A Agência Brasil não
conseguiu contato com os advogados de Costa e Renato Duque. Em outras
denúncias, os advogados de Renato Duque disseram que nunca houve recebimento de
propina durante a gestão dele. Paulo Roberto Costa fez acordo de delação
premiada no qual indicou como funcionavam os pagamentos ilegais na estatal.
Nesta quinta-feira
(5), a Justiça Federal retoma os depoimentos de testemunhas do esquema de
corrupção na Petrobras. O juiz federal Sérgio Moro deve ouvir os depoimentos de
funcionários da Petrobras.
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Petrobras divulga nomes de diretores que renunciaram junto com Graça Foster
Cristina Indio do Brasil - Repórter da
Agência Brasil
A Petrobras informou
que a renúncia da presidenta da companhia, Graça Foster, e de cinco diretores
da empresa, anunciada hoje (4), valerá a partir de sexta-feira (6), dia em que
o Conselho de Administração vai se reunir para eleger os novos membros da
diretoria. A informação foi transmitida à Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
na noite de hoje (4) para esclarecimento sobre mudanças na administração.
O comunicado indica,
ainda, que, além de Graça Foster, renunciaram o diretor Financeiro e de
Relacionamento com Investidores, Almir Guilherme Barbassa; o diretor de
Exploração e Produção, José Miranda Formigli; o diretor de Abastecimento, José
Carlos Cosenza; o diretor de Gás e Energia, José Alcides Santoro; e o diretor
de Engenharia, Tecnologia e Materiais, José Antônio de Figueiredo.
O comunicado foi
assinado pelo diretor Almir Barbassa. A diretoria da Petrobras permanece com o
ex-presidente da companhia de 2003 a 2005, José Eduardo Dutra, indicado para a
diretoria Corporativa e de Serviços em 2012; e com o diretor de Governança,
Risco e Conformidade, João Adalberto Elek Júnior, que tomou posse no dia 19 de
janeiro de 2015. Os dois não estão incluídos na renúncia.
O Conselho de
Administração da Petrobras tem na presidência o ex-ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que foi eleito pelo governo acionista controlador. Também participam
do órgão os conselheiros eleitos pelo governo federal: Graça Foster, Luciano
Galvão Coutinho, Francisco Roberto de Albuquerque, Márcio Pereira Zimmermann,
Sérgio Franklin Quintella e a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Pelos acionistas preferencialistas, foi eleito conselheiro José Guimarães
Monforte; pelos minoritários, Mauro Gentile Rodrigues da Cunha e pelos
empregados, Sílvio Sinedino Pinheiro.