Quarta, 26 de agosto de 2015
Karine Melo - Repórter da Agência Brasil
Denunciado
pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal por
corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato, o
senador Fernando Collor (PTB-AL) fez várias acusações ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante a sabatina desta
quarta-feira (26). Janot precisa ser aprovado pelo Senado para ser
reconduzido ao cargo.
Entre vários questionamentos, Collor
acusou Janot de querer ser visto como “novo super-homem” e de vazar
informações sigilosas dos processos. Janot respondeu dizendo que “o que
tem sido chamado de espetacularização da Lava Jato, nada mais é do que a
aplicação de princípio fundamental de uma República: todos são iguais
perante a lei”.
O senador alagoano afirmou que Janot agiu com
promiscuidade à frente do Ministério Público, por ter acolhido
contraventores em sua casa de Angra dos Reis, no litoral do Rio de
Janeiro.
“Não participarei da exumação pública de um homem que
sequer pode se defender”, rebateu Janot, depois de explicar que um dos
contraventores a quem Collor se referia era seu irmão, morto há cinco
anos.
Collor acusou Janot de ter contratado a empresa Oficina da
Palavra, sem licitação, para fazer a campanha dele ao cargo de chefe do
Ministério Publico Federal em 2013 e de, após ser eleito, ter nomeado o
dono da empresa, Raul Pillati, como secretário de Comunicação da
Procuradoria-Geral da República.
"A Oficina da Palavra não é empresa de publicidade, é uma empresa que, nesses contratos, presta consultoria e treinamento de media training
[treinamento para se relacionar com a imprensa] para membros do
Ministério Público Federal. Aliás, [a empresa] presta treinamento de media training para vários ministérios públicos, juízes e magistrados de vários estados", explicou Janot.
O senador quis saber detalhes do aluguel de uma casa no Lago Sul por R$
46 mil mensais, que não teria habite-se (documento que autoriza
ocupação de imóvel) para uso da Procuradoria-Geral da República. Janot
esclareceu que o imóvel foi alugado para abrigar a recém-criada 7ª
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público.
"Foi
sugerida a locação do imóvel, segundo critérios técnicos e menor custo
em relação à área útil. No entanto, por ter sido apresentada carta de
habite-se materialmente falsa para uso institucional, expedida pela
Administração Regional do Lago Sul, bem como plantas arquitetônicas
diversas das que foram visadas por aquele órgão, antes da ocupação pelo
MPF, o contrato foi rescindido, e não houve pagamento de aluguel”,
respondeu o procurador-geral.