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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Articulados pelo PSOL, deputados assinam manifesto exigindo saída de Cunha

Quinta, 27 de agosto de 2015

O manifesto é assinado nominalmente por mais de 30 deputados. Nele, os deputados ressaltam que “com a denúncia do Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado, que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria defesa”




Os deputados reunidos na Liderança do PSOL / Foto: Liderança do PSOL na Câmara


O manifesto lançado na semana passada pela bancada do PSOL e por outros partidos, entre os quais PT, PPS e PSB, reivindicando a saída imediata de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Câmara, vêm ganhando, nos últimos, dias assinaturas de novos deputados. O documento, de iniciativa do PSOL, tem como base a denúncia de corrupção e lavagem de dinheiro protocolada na última quinta-feira (20), no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
 
Naquele mesmo dia, o PSOL, em coletiva de imprensa, apresentou o documento já pedindo o afastamento de Cunha. Agora, o manifesto é assinado nominalmente por mais de 30 deputados.  Nele, os deputados ressaltam que “com a denúncia do Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado, que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria defesa”.
 
Além dos deputados Chico Alencar (líder), Ivan Valente, Jean Wyllys e Edmilson Rodrigues, também assinam o manifesto pela saída de Cunha as deputadas Luiza Erundina (PSB-SP) e Érika Kokay (PT-DF), os deputados Alessandro Molon (PT-RJ), Henrique Fontana (PT-RS), Glauber Braga (PSB-RJ), José Stédile (PSB-RS), Júlio Delgado (PSB-MG), entre outros.
 
A posição do PSOL
O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, disse, na ocasião da denúncia de Rodrigo Janot no STF, esperar que, com a denúncia do Ministério Público Federal ao STF, outros partidos se esforcem na campanha pela saída de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. “Espero que não só o PSOL, mas que outros partidos tenham coragem de tirar da Presidência da Câmara um político envolvido num escândalo comprovado, e que além de estar envolvido nesse escândalo tem patrocinado uma pauta conservadora de retirada de diretos, tentando se cacifar junto à elite para justamente não ser preso”, ressaltou.
 
Araújo lembrou, ainda, que o PSOL, por meio de sua bancada na Câmara, tem atuado de forma incansável contra as manobras e a pauta imposta pelo deputado peemedebista. “É inconcebível o terceiro homem da hierarquia de sucessão do país ser denunciado no STF e, além de estar livre, leve e solto, ainda estar presidindo a Câmara. O mínimo que nós esperamos é que a Casa retire esse sujeito da Presidência e que a justiça seja feita”.
 
O presidente do PSOL ressaltou, também, que o partido já havia apresentado pedido formal para que Cunha fosse afastado do cargo, mas à época não contou com o apoio de outros partidos. “Eu espero que manifestações de solidariedade, como teve da primeira vez, não aconteçam novamente. Porque na última vez nós ficamos isolados e todo mundo mantendo ele na Presidência. Agora que aconteceu (a denúncia), espero que os partidos criem vergonha e ajudem a tirar Cunha do cargo”.
 
Confira abaixo a íntegra do manifesto.
 
Em defesa da representação popular 

A denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por corrupção e lavagem de dinheiro, apresentada pela Procuradoria Geral da República, é gravíssima. Com robusto conjunto probatório, ela não apenas reforça as informações sobre o envolvimento de Cunha no esquema criminoso investigado pela Operação Lava Jato, como expõe o Parlamento brasileiro e torna insustentável a sua permanência na Presidência da Casa.
 
O Ministério Público acusa Eduardo Cunha de corrupção e lavagem de dinheiro – referente ao recebimento de US$ 5 milhões de um lobista e outras milionárias transações. Apurou-se também que Cunha se utilizou de requerimentos de informação para chantagear empresários que estariam com parcelas de propina em atraso – requerimentos esses originados em seu gabinete e assinados pela então deputada Solange Almeida.
 
A diferença da condição de um investigado em inquérito para a de um denunciado é notória. Neste caso, Cunha é formalmente acusado de ter praticado crimes. Com a denúncia do Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado, que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria defesa.
 
Exercer a Presidência da Câmara dos Deputados exige equilíbrio, postura ética e credibilidade. A responsabilidade de dirigente maior de uma das casas do Poder Legislativo é incompatível com a condição de denunciado. Em defesa do Parlamento, clamamos pelo afastamento imediato de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados.
 
Brasília, 27 de agosto de 2015.
 
Assinam:

Adelmo Carneiro Leão (PT/MG)
Alessandro Molon (PT/RJ)
Arnaldo Jordy (PPS/PA)
Chico Alencar (PSOL/RJ)
Chico d’Angelo (PT/RJ)
Clarissa Garotinho (PR/RJ)
Edmilson Rodrigues (PSOL/PA)
Eliziane Gama (PPS/MA)
Erika Kokay (PT/DF)
Givaldo Vieira (PT/ES)
Glauber Braga (PSB/RJ)
Heitor Schuch (PSB/RS)
Helder Salomão (PT/ES)
Henrique Fontana (PT/RS)
Ivan Valente (PSOL/SP)
Jarbas Vasconcellos (PMDB/PE)
Jean Wyllys (PSOL/RJ)
João Daniel (PT/SE)
Jorge Solla (PT/BA)
José Stedile (PSB/RS)
Julio Delgado (PSB/MG)
Leonardo Monteiro (PT/MG)
Leônidas Cristino (Pros/CE)
Leopoldo Meyer (PSB/PR)
Luiz Couto (PT/PB)
Luiza Erundina (PSB/SP)
Marcon (PT/RS)
Margarida Salomão (PT/MG)
Moema Gramacho (PT/BA)
Padre João (PT/MG)
Pedro Uczai (PT/SC)
Sergio Moraes (PTB/RS)
Silvio Costa (PSC/PE)
Valmir Assunção (PT/BA)
Waldenor Pereira (PT/BA)


Fonte: Do PSOL Nacional, Leonor Costa