Quinta, 27 de agosto de 2015
Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou hoje (27)
nota defendendo o diálogo e a luta contra a corrupção como meios de
preservar e promover a democracia. Denominado Carta da CNBB a Favor do Brasil,
o documento diz ser inaceitável que interesses públicos e coletivos se
submetam aos interesses individuais, corporativos e partidários.
"Pagamos
um alto preço pela falta de vontade política de fazer as reformas
urgentes e necessárias, capazes de colocar o Brasil na rota do
desenvolvimento com justiça social", destacou o comunicado, citando as
reformas política, tributária, agrária, urbana, previdenciária e do
Judiciário.
De acordo com a CNBB, o gasto com a dívida pública e o
ajuste fiscal, entre outras medidas para retomada do crescimento,
"colocam a saúde pública na UTI [unidade de terapia intensiva],
comprometem a qualidade da educação, inviabilizam a segurança pública e
inibem importantes conquistas sociais".
O documento faz
referência à corrupção como uma "metástase que tinge de morte não só os
poderes constituídos, mas também o mundo empresarial e o tecido social".
"Combatê-la de forma intransigente supõe assegurar uma justa
investigação de todas as denúncias que vêm à tona com a consequente
punição de corruptos e corruptores".
Sobre a possibilidade de impeachment
da presidenta Dilma Rousseff, o arcebispo de Brasília e presidente da
CNBB, dom Sérgio da Rocha, disse que o assunto não foi tratado pela
entidade.
Bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner destacou que, para o impeachment, são necessários elementos consistentes, que, segundo ele, não existem até o momento.
Durante
entrevista coletiva, a CNBB liberou uma segunda nota, manifestando-se
contra a descriminalização do uso de drogas. O comunicado acrescenta que
a dependência química representa um dos grandes problemas de saúde
pública e de segurança no Brasil e interfere gravemente na estrutura
familiar e social.
"Ela está entre as causas de inúmeras
doenças, de invalidez física e mental e de afastamento da vida social.
Conforme o texto, a dependência, que atinge especialmente adolescentes e
jovens, é fator gerador de violência social, além de provocar no
usuário alteração de consciência e de comportamento.
O caminho
defendido no documento e considerado pela entidade como mais exigente e
eficaz é a intensificação de campanhas de prevenção e combate ao uso de
drogas, acompanhada de políticas públicas nos campos da educação, do
emprego, da cultura, do esporte e do lazer para a juventude e a família.
"A
liberdade pessoal tem a ver com a relação da convivência humana, que
precisa ser preservada", informou dom Leonardo Steiner. "A droga não
deixa a pessoa chegar à sua plenitude. A droga anestesia", concluiu.