Terça, 22 de agosto de 2017
Daniel Isaia - Repórter correspondente da Agência Brasil
A força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no
Paraná (MPF-PR) denunciou hoje (22) o ex-presidente da Petrobras e do
Banco do Brasil Aldemir Bendine pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro, pertinência a organização criminosa, e por atrapalhar as
investigações.
A denúncia tem por base as investigações
referentes à 42ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Cobra,
deflagrada no dia 27 de julho. O ex-presidente da Petrobras foi preso
naquela ocasião.
De acordo com o trabalho do MPF e da Polícia
Federal (PF), Bendine pediu à Odebrecht propina de R$ 17 milhões quando
ainda era presidente do Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de
dívida de um financiamento da Odebrecht Agroindustrial. À época, os
executivos da empreiteira negaram o pedido por entender que Bendine não
teria capacidade de influenciar no contrato.
Em 2015, pouco antes
de assumir a presidência da Petrobras, ainda segundo a investigação,
Bendine pediu nova propina à Odebrecht para atuar no interesse da
empresa junto à petrolífera. Dessa vez, o ex- presidente da empreiteira
Marcelo Odebrecht e o executivo Fernando Reis optaram por pagar a
propina de R$ 3 milhões.
A Força-tarefa afirma que as provas
desse acordo foram colhidas em depoimentos de colaboradores e durante as
buscas e apreensões feitas na 26ª fase da Lava Jato, denominada
Operação Xepa.
O MPF-PR afirma que o pagamento da propina foi
realizado a partir da adoção de mecanismos de lavagem de ativos e
parcelado em três entregas em espécie, realizados em apartamento na
capital paulista alugado a Antônio Carlos Vieira da Silva. O irmão dele,
André Gustavo Vieira da Silva, também operou parte dos pagamentos a
Bendine.
Ainda segundo a denúncia, Aldemir Bendine e os
operadores financeiros dissimularam os pagamentos de propina ao
descobrirem a existência de investigações contra si no âmbito da Lava
Jato. Eles declararam que o dinheiro teve origem nas consultorias
prestadas à Odebrecht e recolheram impostos relacionados aos serviços.
Para a força-tarefa, os acusados tentaram embaraçar as investigações ao
cometerem tal ato.
Além de Bendine, a denúncia oferecida pelo
MPF-PR inclui os agentes da empreiteira Marcelo Odebrecht e Fernando
Reis, além dos operadores Antônio Carlos Vieira da Silva e André Gustavo
Vieira da Silva, e do doleiro Álvaro Novis.