Sexta, 22 de setembro de 2017
 
 
Camila Maciel - da Agência Brasil
          
  
  
            
O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP)
 ajuizou hoje (22) ação de execução para cobrar o dinheiro desviado das 
obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, nos anos 1990. O pedido de 
ressarcimento de R$ 1,04 bilhão é direcionado ao ex-juiz Nicolau dos 
Santos Neto, ao ex-senador Luiz Estevão e ao empresário Fábio Monteiro 
de Barros.
O requerimento da procuradoria foi possível após a 
confirmação, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo 
Tribunal Federal (STF), da decisão do Tribunal Regional Federal que 
condenou penalmente os três acusados em 2006. Não cabem mais recursos, o
 que permite a cobrança imediata dos danos materiais e morais causados 
pelos crimes.
Outros dois pedidos de ressarcimento haviam sido 
ajuizados em São Paulo, em caráter provisório, tendo em vista que as 
ações de improbidade ainda estavam em fase de recurso. A diferença agora
 é que a ação já se baseia em uma sentença penal definitiva.
“De 
acordo com o disposto no Artigo 63 do Código de Processo Penal, a 
sentença penal condenatória transitada em julgado é passível de ser 
executada perante o juízo cível em casos de reparação de danos, quando 
há reconhecimento expresso da ação delituosa”, afirmou, em nota, o 
procurador da República Roberto Antonio Dassié Diana, autor da ação.
O caso
 
O
 escândalo surgiu do conluio entre a Incal Incorporações, ligada a Fábio
 Monteiro de Barros, e o Grupo OK, de Luiz Estevão, para participar da 
licitação aberta em 1992 por Nicolau dos Santos Neto, que presidia o 
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Segundo o MPF, eles 
cometeram uma série de irregularidades, como superfaturamento de 
materiais, pagamentos adiantados e transferências ilícitas para contas 
bancárias, no Brasil e no exterior. Em 1998, o valor desviado chegada a 
R$ 169,4 milhões.
Cálculo
 
Do total 
exigido pelo MPF, R$ 585 milhões se referem aos desvios, já com as 
correções monetárias, e R$ 461,4 milhões foram calculados a título de 
danos morais. “O montante corrigido do dinheiro desviado chega a R$ 923 
milhões, mas parte dessa quantia já foi devolvida”, explica em nota a 
procuradoria.
O valor já ressarcido refere-se a um acordo firmado
 pelo Grupo OK, de Luiz Estevão, com a Advocacia-Geral da União, no 
âmbito de outra ação de execução que tramita no Distrito Federal, em 
decorrência da condenação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “O 
grupo chegou a saldar o equivalente a R$ 338 milhões, até deixar de 
pagar as parcelas em março de 2016”, informou o MPF.
Foragido
 
Na última quarta-feira (20), a Polícia Federal prendeu,
 na capital paulista, o último condenado no caso do Fórum Trabalhista de
 São Paulo, o empresário José Eduardo Correa Teixeira Ferraz. Ele era 
sócio da construtora Incal e estava foragido.
Ferraz foi 
condenado a 22 anos e quatro meses de prisão em caráter definitivo, sem 
possibilidade de recurso. O empresário constava na lista de procurados 
da Interpol, organização internacional de cooperação policial.
 
 
 
