Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 6 de janeiro de 2018

2018 vai ser um ano do Cão

Sábado, 6 de janeiro de 2018
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


Por
Chico Sant'Anna
Aquele brasileiro cordial, gentil, revelado por Sérgio Buarque de Holanda, em 1936, na obra Raízes do Brasil, parece ter desaparecido nas redes sociais da pós-modernidade.

Não, não é nenhum trocadilho, embora 2018 prometa ser um ano bem complexo no Brasil e em Brasília. Segundo o Horóscopo Chinês, 2018 fecha o ciclo do Galo e abre o ciclo ao ano do Cão. O ano do Cão começa em 16 de fevereiro de 2018 e vai até 05 de fevereiro de 2019, sob a influência direta do elemento Terra. Uma interpretação barata pode, contudo, induzir o leitor a achar que estamos muito mais próximo daquilo que a cultura popular brasileira define como sendo “do Cão”.

A leitura brasileira, potencialmente, está associada à mitologia grega, na qual um monstruoso cão de três cabeças, o Cérbero, “demônio do poço”, guardava a entrada do Hades, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem. Daí a associação ao capeta, ao demônio.

Pelo olhar oriental, sob a influência do signo do Cão da Terra, há a valorização da solidariedade, do diálogo e da igualdade. As pessoas seriam mais tolerantes e teriam mais empatia, tornando o ano repleto de equilíbrio. Talvez lá pelas bandas do Oriente. Por aqui, tudo indica, os ânimos estarão mais esquentados do que nunca. A situação política e econômica do Brasil e da Capital Federal nos leva a crer que a leitura endiabrada, atribuída pela cultura popular, se mostra muito mais apropriada. Na atual realidade nacional, poder-se-ia, mesmo, dizer que vai ser um ano do “Cão chupando manga”.