Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A Cidade da Esperança é abandonada pelo poder público

Terça, 6 de fevereiro de 2018
Por Maria Fátima de Sousa*
Brasília, cidade projetada para 500 mil pessoas, hoje, com mais de 3 milhões de habitantes no Distrito Federal, revela os descasos históricos dos seus grupos governantes.

Existe descaso maior do que a queda do viaduto, morte anunciada desde 2011?

Mais grave ainda, é a falta de atitude diante dos alertas, sumarizados na conclusão dos auditores sobre o estado de conservação da Ponte do Braghetto, da Passarela de pedestres DF 002, Viadutos do Eixo L (Entre as quadras 215/216 Norte), Eixo W (Entre as quadras 115/116 Norte), Pontes Costa e Silva e das Garças, só para citar alguns espaços (relatório da auditoria do DF), e temor de romper a barragem do Paranoá.

Foto: Reprodução/Twitter/sennaty

Quem paga a conta dos sofrimentos, medos, inseguranças e tristezas, ao verem suas moradias e espaços públicos desabando? A população que paga impostos, cada vez mais altos, sem retornos seguros nos investimentos para o nosso DF.

É legítimo nos perguntarmos: vamos deixar a cidade que escolhemos viver caindo aos pedaços, e assistirmos a esse filme, sem nada fazermos?

Quanto tempo mais o povo dessa cidade precisará para acordar e tirar do poder todos os políticos que vem “administrando” o Distrito Federal de costas para ele e sua gente. 

Quanto tempo mais a população aceitará a incompetência, a negligência e o desgoverno dos grupos políticos que usam a máquina pública aos interesses próprios, ao invés de cuidarem dos bens da sociedade, em sua coletividade?

2018 é ano eleitoral, é chegada a hora de revitalizarmos a política, de humanizarmos os atos dos governantes, e, sobretudo, gerir todos os bens públicos voltados para os indivíduos, famílias e comunidades, em primeiro lugar.

Somente um Plano de Desenvolvimento Humano e Integrado, com respeito ao meio ambiente, será capaz de reinventar novos modos, novas ordens, novos projetos, verdadeiramente atentos às reais demandas dessa jovem cidade.

As mulheres e homens de bem, que escolheram este lugar para trabalhar, estudar e viver plenamente e felizes, precisam unir-se a nós, na reconstrução dessa cidade. Uma cidade ética, justa, solidária e, sobretudo, saudável.

Precisamos acordar, porque, se seguirmos dormindo, fica a pergunta: até quando, cuidar da cidade não é problema nosso?

E deixá-la caindo aos pedaços, escancaradamente, a céu aberto, não é de minha “conta”?

A hora, é agora. Vamos, juntos(as), resgatar o ideal que produziu Brasília. Essa cidade adolescente, necessita, urgentemente de outras formas de Governar.

As mudanças, também, dependem de nós.

*A Professora Maria Fátima de Sousa é Diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB

Doutora Honoris Causa pela UFPB, pós doutorado pelo Centre de Recherche sur la Communication et la Santé (ComSanté), da Université du Québec à Montréal (UQAM). Doutora em Ciências da Saúde pela UnB, mestre em Ciências Sociais pela UFPB, especialista em Saúde Coletiva e graduada em Enfermagem pela UFPB. Professora Associada do Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências da Saúde, onde atualmente é diretora da Faculdade de Ciências da Saúde (2014-2018). Implantou e foi a primeira coordenadora do Mestrado Profissionalizante do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva e ex-coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde Pública (NESP), da UnB, onde implantou a Unidade de Estudos e Pesquisas em Saúde da Família (UEPSF). Ex-vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). Foi gerente nacional do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e assessora no Programa Saúde da Família (PSF), junto ao Ministério da Saúde (1994-2001). Atuou como consultora nas Secretarias Municipais de Saúde e do Verde e Meio Ambiente, ambas em São Paulo.