Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 30 de junho de 2020

Na deterioração das Estradas Parques, o retrato do abandono do projeto de Brasília

Terça, 30 de junho de 2020
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Reforma dotará a Epar com oito faixas de rolamento, já incluída duas em concreto para o BRT. No futuro mais um trecho da lateral da via poderá ser desmatado para abrigar o VLT. Foto de Chico Sant’Anna.


A paisagem cada vez mais conurbada e deteriorada, sem o menor sinal de projeto paisagístico e urbano de qualidade de vida para os brasilienses estará certamente iconificada pelas Free-way que invadirão nosso espaço, reforçando ainda mais a máxima de que o brasiliense se divide em cabeça, tronco e rodas.

Por Chico Sant’Anna

Já tiveram início as obras de mais uma faixa de rolamento nas duas laterais da Estrada Parque Aeroporto, que se somam ao trabalhos de concretagem do que outrora foi um canteiro central ornando de Sibipirunas. Em 2014, a via perdeu seu canteiro central para a passagem da via exclusiva do BRT-Sul e aos poucos vai perdendo a sua característica de Estrada Parque e assumindo a aparência de uma Free-way com oito faixas de rodagens. Ela não é a única no Distrito Federal. Vias antes circundadas por natureza e ornadas com canteiros centrais floridos e bosques nas laterais são cada vez mais raras, embora todas guardem os nomes de Estrada Parque. Provas vivas dessas transformações são a Estrada Parque Taguatinga – EPTG e a Estrada Parque Indústria e Abastecimento – Epia, notadamente em seu trecho Sul. O que pode parecer apenas uma adaptação necessária à mobilidade urbana de Brasília, na prática é o abandono do projeto de Lúcio Costa, no que se refere à expansão urbana da Capital Federal.