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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Após mil dias à frente do DF, gestão de Ibaneis Rocha é “barco desgovernado”

Segunda, 4 de outubro de 2021

Não há quase nada a se comemorar nesses mais de mil dias de gestão Ibaneis, diz parlamentar - Foto: Agência Brasil

População sofre com despejos, desvios de recursos da saúde, ineficiência no processo de vacinação e privatizações

Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF)
04 de Outubro de 2021 

O governador Ibaneis Rocha (MDB) foi eleito em 2018 com a promessa de criar no Distrito Federal um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico, atraindo atividades empresariais, e potencializando o poder de consumo das famílias, com acesso à moradia, saúde e educação.

Durante a campanha, foram centenas de abraços nos eleitores, apertos de mãos e fotos alegres com pastéis nas mãos. Essa realidade ficou para trás e hoje, após dois anos e nove meses à frente do Palácio do Buriti, a população amarga com despejos, desvios de recursos da saúde, ineficiência no processo de vacinação, privatização de empresas públicas e o empobrecimento em massa dos brasilienses.


De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), coordenada pelo economista Daniel Duque, a capital federal alcançou o ranking da unidade da Federação que mais empobreceu entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021. No DF, os percentuais de pobreza passaram de 12,9% para 20,8% da população.

Para Thiago Ávila, socioambientalista e ativista de direitos humanos no DF, Ibaneis se dizia uma novidade, distante da “política tradicional”, mas geriu o Distrito Federal “aprofundando as desigualdades, sucateando serviços públicos, despejando famílias pobres em plena pandemia enquanto comprava a mansão mais cara do DF. Reprimiu e expulsou trabalhadores ambulantes, realizou a privatização da CEB repleta de ilegalidades, se aliou a Bolsonaro no negacionismo e negligência com a pandemia. Está sendo um péssimo governo e sequer merecia terminar sua gestão”, aponta.


Saúde

A deputada Artele Sampaio (PT) ressalta que “não há quase nada a se comemorar” nesses mais de mil dias de gestão Ibaneis.

“Na saúde estamos vendo o caos absurdo e o equivoco que foi o governo ter criado o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde, porque dividiu o sistema público de saúde do DF e transformou o Iges-DF num consumidor de dinheiro”.


Sampaio denuncia que o Instituto consome em torno de 30% de todo o recurso do fundo de saúde do Distrito Federal. A deputada acrescenta ainda que a Câmara Legislativa do DF “todo mês temos que aprovar mais recursos para o Instituto”. 

Na pauta da CLDF está o Projeto de Lei nº 2.223/2021, que prevê crédito suplementar à Lei Orçamentária Anual do Distrito Federal no valor de R$ 446,48 milhões. O projeto destina cerca de R$ 180 milhões para pagamento de despesas de setembro e outubro do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).

Para o deputado Leandro Grass (Rede), “o governo que tem colocado a saúde pública do Distrito Federal em uma situação caótica, agravando problemas já existentes. Um governo que infelizmente não cuida da população mais vulnerável, que não trabalha pelos pobres. Um governo manchado e afogado em corrupção, em ineficiência e incompetência”, afirma. 

Desgoverno

“Nós temos a descontinuidade de secretarias importantes, como a secretaria de educação que já tem quatro secretários em dois anos e nove meses de governo, três secretários na assistência social, ou seja, o governo não sabe para onde está indo. Em resumo, o governo Ibaneis representa um barco desgovernado e isso coloca a população do Distrito Federal em risco, porque estamos sendo conduzidos para um futuro incerto, com problemas que podem se tornar irreversíveis”, observa o deputado Grass.

Na avaliação do presidente da Central Única dos Trabalhadores do DF, Rodrigo Rodrigues, o governador Ibaneis Rocha se esgueira nas brechas da própria pandemia para se beneficiar politicamente.

“Ibaneis não enfrentou nenhuma grande greve durante o seu governo e aproveitou disso para tomar medidas de entrega do estado, como é o caso da privatização da CEB, que tem se mostrado completamente ineficaz”.

Rodrigues defende ações de mobilização e enfrentamento, para que “o DF tenha um governo realmente preocupado com a classe trabalhadora”, disse.


Edição: Flávia Quirino