Domingo, 27 de novembro de 2011
A organização da Falange Petista e suas espetaculares ações                                                                                                                                  
Situações
 semelhantes eu havia vivido nos anos de chumbo, no Rio de Janeiro, nas 
passeatas e manifestações estudantis na Cinelândia, na Av. Rio Branco e 
no Calabouço. Na época não havia o PT. O que existia eram outras forças 
violentas: a polícia da ditadura militar, seus pobres cavalos que 
tombavam sob nossas rolhas e bolas de gude e, também, as terríveis 
tropas à paisana do CCC (Comando de Caça aos Comunistas).
Um grupo grande de militantes do PSOL fomos, hoje pela manhã, panfletar em Ceilândia, na intenção de levar à população as denúncias que cada vez mais se multiplicam contra o governador Agnelo Queiroz. O povo, que não lê as revistas semanais e outros órgãos de imprensa, precisa conhecer todas as evidências que demonstram a podridão do atual governador do DF. Nosso panfleto, intitulado “Brasília não merece Agnelo”, traz texto que não acrescenta coisa alguma em tudo aquilo que está saindo na imprensa ultimamente. Apenas reproduz o que o poder judiciário investiga em segredo de justiça.
Não dá para duvidar da palavra dos denunciantes. Um deles, amicíssimo do governador, pode ser alcunhado de “amigo do peito” do denunciado. Este diz que quando dirigia a Anvisa emprestou 5.000 reais ao amigo, hoje acusador. O leitor sabe muito bem que não é fácil encontrar amigo ou parente que se disponha, sem mais nem menos, a emprestar aquela quantia. No mesmo dia, Agnelo autorizou a concessão do Certificado de Boas Práticas para a empresa União Química, em que trabalhava o amigo que depositava os cinco mil reais.
Graças ao panfleto do PSOL, o povo simples, afastado da mídia impressa, pode agora saber o que toda a pequena e a alta burguesias já sabem: o denunciante depositou 5.000 reais na conta bancária particular do Diretor Geral da Anvisa (Agnelo Queiroz), no mesmo dia em que Agnelo concedia o Certificado à empresa do amigo, hoje denunciante.
Nossa panfletagem prosseguia, mas de modo dramático, angustiante e perigoso. O povo na rua, os vendedores das lojas, os comerciários e comerciantes ficavam estatelados, boquiabertos, perplexos com as ações e a fúria não comum em nossa capital federal. Cerca de cem petistas, todos devidamente uniformizados com as camisas vermelhas de estrela no peito, avançavam sobre nós, nos cercavam, nos ameaçavam.
Logo
 chegaram policiais. Militantes petistas se aproximavam empurrando 
manifestantes do PSOL. Poucas vezes algum dos policiais interveio, 
afastando o raivoso petista. Os policiais tiveram aumentado seu efetivo 
num determinado momento. Não se percebia de onde surgiam. De início eram
 apenas três. De repente já eram uns sete ou oito. Começaram a caminhar 
cercando-nos, e, principalmente, ao Toninho que, tal como os outros seus
 companheiros, dava corajosamente continuidade à panfletagem.
Vejo
 que o PT criou, no Distrito Federal, sua Falange fascista. Seus métodos
 são exatamente iguais aos da Falange Espanhola que, vitoriosa na Guerra
 Civil, deu sustentação ao governo fascista do General Francisco Franco.
 A violência e o desrespeito à livre expressão tornaram-se práticas 
comuns dos petistas.
As
 agressões aumentavam. Gritos tentavam encobrir nossas falas dirigidas 
aos cidadãos na rua. Alguns petistas mais afoitos, agressivos, 
arrancavam maços de panfletos de nossas mãos. Corriam. Voltavam 
ameaçadores. Controlávamos surpreendentemente os nervos, as reações, 
pois víamos que a tropa falangista do PT fazia de tudo para que 
aceitássemos as provocações.
Depois
 de uns vinte minutos de caminhada, sempre cercados pelos membros da 
Falange, percebemos que nossos panfletos escasseavam. Maços e mais maços
 nos eram roubados de nossas mãos. Não satisfeitos, alguns petistas 
passavam a arrancar o panfleto das mãos da gente simples do povo que 
acabava de receber o papel. Um de nossos companheiros se afastou, rumo 
ao estacionamento, para buscar mais panfletos em seu carro. Péssima 
ideia. Foi seguido. Ao abrir o carro, foi agarrado por petistas enquanto
 outros se enfiavam no automóvel recolhendo pacotes com os panfletos.
Um
 dos policiais que nos seguiam e nos cercavam, retirou seu revólver do 
coldre, colocando-o à frente, no cinto da calça. Eu estava atrás dele e 
observei claramente sua ação disfarçada. Um cidadão, cabelos grisalhos, 
aproximou-se de mim e sugeriu que chamássemos a imprensa com urgência, 
pois –achava ele– os policiais estavam “do lado dos petistas”.
Deu
 para imaginar perfeitamente os momentos dramáticos que o deputado 
italiano Calvo Sotelo viveu em 1936, nos instantes que antecederam seu 
assassinato pela polícia que “protegia” a ele e aos outros manifestantes
 na rua.
A
 atitude estranha do policial, que mudou sua arma de lugar, me 
preocupou. Passei à frente dele e, ostensivamente, abaixei-me para ler 
seu nome na lapela do uniforme. Li: CB Railson. Fixei longamente meu 
olhar no distintivo. Já havia terminado de ler, mas insisti fingindo 
ainda não ter lido: enfim ele percebeu que eu lera e gravara seu nome em
 minha mente.
Seguimos,
 atravessando a rua em passos largos. Os petistas nos seguiam aos 
gritos, dirigindo-nos palavrões e acusações gratuitas. Os policiais 
também.
De
 repente senti meu pé esquerdo preso por outro pé. Não havia um juiz 
para apitar a falta. Catei cavaco. Olhei para trás e percebi que não 
havia qualquer pedra drummondiana no caminho. O obstáculo covarde era o 
pé do Cabo Railson. Ele olhou para o lado, fingindo nada ter acontecido.
 Intimidei-me e corri para a frente, ao lado do Toninho. Nessa altura 
meus próprios companheiros de partido, os mais musculosos, professores 
de Academia de ginástica, não permitiam que ninguém se aproximasse de 
Toninho.
A
 Falange estava ultra-organizada, pois a tropa não se restringia à 
centena de petistas com suas camisas vermelhas. Na rua, paralelamente ao
 desfile patético e dramático, um carro de som enorme vomitava, por seus
 altofalantes, os mais ignóbeis impropérios. A população reagia com 
comentários de espanto.
A
 implantação da ditadura de Franco, na Espanha, levou ao poder a 
Falange, que se transformou em um partido fascista, extremamente 
eficiente na repressão às oposições políticas. O fanatismo e o desespero
 do PT, hoje, estão levando o partido ao extremo do absurdo, 
aperfeiçoando seus métodos de repressão a seus opositores. Na ânsia de 
se perpetuar no poder, o PT inicialmente apelou para a hoje famosa 
fórmula do mensalão, comprando consciências, votos e dignidades.
A
 prática de agente corruptor foi escancarada, denunciada, e, agora, ela 
passa a ser método difícil de ser efetivado. A violência, agora, parece 
ser o único método de ação política para aqueles desesperados que se 
apegaram ao poder. Vislumbrando cenários possíveis para 2014, ano da 
Copa, ano das eleições para o governo do DF, os petistas querem a todo 
custo inventar uma tábua da salvação para Agnelo, pois não dispõem de 
outro nome para sua nominata. Ao buscar cega e desesperadamente a tábua 
de salvação, apelam agora para as tábuas, os paus, as pedras, os socos, 
os empurrões, o roubo, a estupidez total.
*Secretario-Geral do PSOL-DF e professor aposentado da Universidade de Brasília-UnB
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A seguir, mensagem da senadora Marinor Brito (Psol-Pa) sobre a
agressão de petistas aos militantes do Psol que participaram do ato “Fora
Agnelo” no sábado (26/11) na Feira da Ceilância:
"Minha solidariedade em nome do Psol do Pará aos Camaradas do
DF, que honram as bandeiras do Socialismo.  É preciso ter moral para
organizar as lutas do povo e estar no meio dele denunciando a corrupção e
cobrando atitudes transparentes. Vocês do Psol do DF vão continuar de cabeça
erguida. Que moral tem essa gangue que se instalou no gov. do DF para nos
agredir. São corruptos e covardes. Força na luta meus camaradas. É assim que
vamos fortalecer o nosso projeto de partido dirigente e de massas. Um
abraço solidário e fraterno. Marinor Brito"
 

