Terça, 22 de novembro de 2011
Do Estadão
Sem poder falar em sanção da Comissão da Verdade, filha de ex-deputado teve discurso divulgado no blog do irmão, o escritor Marcelo Rubens Paiva
Fernando Gallo, de O Estado de S.Paulo
Filha do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971,
a psicóloga Vera Paiva criticou o governo federal por não ter permitido
que familiares de vítimas da ditadura militar discursassem durante a
cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff sancionou a criação da
Convidada a participar da solenidade, Vera ouviu de um funcionário da
Secretaria de Direitos Humanos ligado à ministra Maria do Rosário que
havia "grande possibilidade" de que pudesse discursar, mas que tudo
dependeria da organização do evento. Nenhum familiar pôde falar.
O Estado mostrou no sábado que a decisão ocorreu
após manifestação do ministro da Defesa, Celso Amorim, que entendeu que a
fala de parentes das vítimas poderia ser considerada uma afronta aos
militares.
"Para ser justa, eu não fui desconvidada porque nunca se confirmou
oficialmente que eu ia falar", ponderou Vera Paiva, para em seguida
disparar. "Foi uma escolha política errada. Deviam ter deixado os
militares falar, então. Se o dilema é ‘se falar um atingido, tem que
falar o militar’, então que fale o militar. O que ele vai falar?
Defender a ditadura? A tortura?"