Domingo, 20 de novembro de 2011
Da Agência Brasil
Douglas Corrêa - Repórter
O Dia da Consciência Negra está sendo comemorado no
Rio de Janeiro com uma cerimônia festiva no Monumento a Zumbi dos
Palmares, na Praça Onze, na região central da cidade. Durante todo o
dia, haverá apresentação de rodas de capoeira, do Afoxé Filhos de Gandhy
e desfile das escolas de samba Unidos de Vila Isabel, União da Ilha do
Governador e Unidos da Tijuca.
Presente ao evento, o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do
Negro (Cedine), Paulo Roberto dos Santos, disse que a população negra
vem conseguindo avançar na sociedade a passos médios. Esta aceleração,
segundo ele, não é a ideal. De acordo Paulo Roberto, no Rio de Janeiro
esse avanço ocorre principalmente no setor do ensino, com a cota de 20%
de vagas para os afro-descendentes nas universidades. Ele também
ressaltou a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial como um
instrumento importante para melhorar a situação da população negra no
país.
Paulo Roberto destacou ainda a obrigatoriedade pelo governo do estado
nas escolas do ensino médio da rede pública da cultura afro-brasileira
para que a identidade do negro cada vez mais se reafirme. “São avanços
concretos que este milênio vem consolidando no sentido muito parecido
com que os Estados Unidos da América apresentam hoje, com um negro na
Presidência do país. O Brasil vem caminhando com 52% da população
afro-brasileira, em uma direção de maior inclusão e conversação com os
governos, como foi com o presidente Lula, quando criou a Secretaria da
Igualdade Racial”.
O presidente do Cedine disse que é uma falácia dizer que os
afro-descendentes que entram por meio de cotas nas universidades são
menos preparados. Para ele, isso não passa de uma tentativa de
desmoralizar o sistema de cotas. Segundo Paulo Roberto, em algumas
universidades, onde o negro não tinha direito à bolsa de estudo, ele
acabava desistindo do curso por dificuldade financeira. Mas que essa
realidade mudou com o sistema de cotas. “Nas universidades onde se
implantou as bolsas, a média é favorável. Tanto que em outras
universidades o sistema de cotas está sendo implantado. Atualmente,
existem 110 universidades com o sistema de cotas implantado”.
O presidente do Cedine também considerou como uma vitória do movimento
negro, a conquista da titularidade da terra, no último dia 17, por 15
famílias do Quilombo Preto Forro, em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Há
várias décadas eles viviam em total insegurança, pois não tinham a posse
da terra onde moram e eram ameaçados por grileiros. “Por meio de um
trabalho conjunto com o Instituto de Terras do Estado do Rio de Janeiro
(Iterj), descobriu-se que a terra era do governo do Rio de Janeiro e foi
feita a titularidade da terra para seus ocupantes. Uma vitória do
Movimento Negro”.
A integrante da Comissão da Mulher do Cedine, Cátia Cruz, presente à
cerimônia festiva no Monumento a Zumbi dos Palmares criticou o problema
da falta de atendimento das mulheres negras aos exames de prevenção de
colo de útero e do câncer de mama nos postos de saúde da rede pública,
principalmente na Baixada Fluminense e no interior do estado. “Nós
perdemos muitas mulheres negras com essas doenças por falta de
informação, por falta de atendimento. Nos postos de saúde e hospitais
especializados da mulher, o atendimento é péssimo e, em virtude disso, a
gente consegue ter um índice fora do normal de morte de mulheres
negras”.