Segunda, 21 de novembro de 2011
Por Ivan de Carvalho
Em 2008, Chalita, pela coligação PSDB-PHS, foi o
vereador mais votado na capital paulista, com 102 mil votos. Em 2010, já no
PSB, ele foi eleito deputado federal com a segunda maior votação, 560 mil
votos. Em maio de 2011, deixou o PSB para atender a convite do vice-presidente
da República, Michel Temer, ex-presidente nacional do PMDB e ex-presidente da
Câmara dos Deputados.
O convite foi para ingressar no PMDB, assumir o
controle e a presidência deste partido na capital paulista e tornar-se o
candidato da legenda nas eleições do ano que vem para a prefeitura de São
Paulo.
A prefeitura, que duas vezes já esteve nas mãos
do PT – a primeira com Luiza Erundina, a segunda com Marta Suplicy – estará
completando no fim do ano que vem oito anos fora do controle petista: um
mandato dividido entre José Serra e Gilberto Kassab e outro exercido
integralmente por este último político, que se elegeu pelo Democratas com apoio
mal dissimulado dos serristas do PSDB, mas hoje é o principal responsável pelo
PSD, que tomou a iniciativa de fundar.
O PT está fazendo tudo que pode para recuperar a
prefeitura de São Paulo. Tanto pelo poder que essa prefeitura representa – o
município de São Paulo tem o terceiro maior orçamento do país, atrás apenas da
União e do Estado de São Paulo – como estratégia para tentar finalmente, em
2014, tomar dos tucanos, principal partido da oposição, seu principal baluarte,
o governo paulista.
Realmente, se o PT, em 2012, recuperar a
prefeitura paulistana e, nas eleições de 2014, conquistar mais uma vez a
presidência da República e arrebatar das oposições o governo do Estado de São
Paulo, tudo estará indicando que as oposições, já muito enfraquecidas hoje, poderão
entrar em coma profundo e prolongado.
Daí a importância extraordinária que o PT, mesmo
com todo o poder de que já desfruta hoje, vem dando à disputa pela prefeitura
de São Paulo, a ponto de – principalmente por ação do ex-presidente Lula e da
presidente Dilma Rousseff – obrigar os demais aspirantes petistas a desistirem,
especialmente a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy.
Somente o senador Suplicy, o bravo Dom Quixote
brasileiro, ainda resiste, tentando o milagre de disputar com o candidato Fernando
Haddad, ainda ministro da Educação, prévias que o comando petista tem como
ponto de honra impedir que se realizem, levando a resistência a elas a um ponto
nunca antes observado.
E o que tem com isso o
peemedebista Gabriel Chalita? Lula quer conversar com ele para argumentar e
pedir que desista da candidatura a prefeito e apóie o candidato que ele, Lula,
escolheu para o PT, o ministro Haddad, que Dilma herdou do governo do
ex-presidente, junto com vários outros ministros.
O PMDB sabe de todas essas
coisas, mas aproveitou o seu tempo de propaganda partidária gratuita no rádio e
na televisão, no fim de semana, para fazer uma campanha publicitária de
lançamento de Chalita para o país. Na TV Chalita foi o astro, após o que Michel
Temer aparecia rapidamente como que apenas para confirmar, com uma frase que
incluía “governabilidade”. A lei não permitia falar em eleições, em
candidatura. Mas ficou claro do que se tratava.
Depois do lançamento
nacional, em grande estilo ainda que implícito, de um candidato a prefeito – que
evidentemente se beneficia disso junto ao eleitorado paulistano – fica muito
mais difícil para Lula e o PT pedirem a desistência da candidatura e muito
menos difícil para o PMDB dizer não e começar a por em prática a estratégia de
não continuar sendo caudatário de outro partido, conduta que levou ao coma
talvez irreversível o PFL, depois DEM.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baian.