Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mundo vai à guerra contra o setor financeiro

Sexta, 18 de novembro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
Os jornais mostram as grandes manifestações contra o setor financeiro em diversos países, como Estados Unidos, Itália e Grécia. Nos EUA, centenas de manifestantes foram presos, enquanto na Grécia houve confronto com a polícia, com 78 detidos. O Portal Esquerda.net, de Portugal, mostra que a arrecadação tributária grega continua caindo, apesar dos aumentos de impostos, pois as medidas impostas pelo FMI e União Européia – cortes de gastos sociais, demissões em massa, etc – geram grande recessão, agravando o problema da dívida.

O jornal Correio Braziliense mostra que o Banco Central Europeu (BCE) pode financiar o FMI, para que este organismo empreste a países europeus, permitindo que estes últimos paguem dívidas anteriores. Esta seria uma forma do BCE driblar a legislação da União Européia, que o impede de emprestar diretamente a países, sob o argumento de que isto atenderia a interesses políticos e premiaria “países irresponsáveis”. Porém, quando são os bancos privados que entram em dificuldades, o BCE não mede esforços em disponibilizar imediatamente empréstimos ilimitados e baratos (com taxas de juros de cerca de 1% ao ano) e ainda comprar “títulos podres” em poder dos bancos privados, para livrá-los do “mico”.

Por outro lado, quando são os países que entram em dificuldades – exatamente por terem salvo os bancos privados – o FMI libera os empréstimos a conta-gotas,  em várias parcelas, cada uma condicionada a severas medidas nefastas neoliberais.

O Jornal O Globo mostra que os “mercados” também atacam a França e Espanha, aumentando as taxas de juros exigidas para o refinanciamento das dívidas, de modo a pressionar pela execução de reformas neoliberais. Já no Brasil, onde o governo já cumpriu com folga as exigências dos rentistas e do FMI, a agência de classificação de risco Standard & Poor`s “elevou a nota de crédito” do Brasil, ou seja, recomendou aos rentistas a compra de títulos da dívida brasileira. Segundo a Agência, o país executou “políticas macroeconômicas prudentes, como o superávit primário próximo a 3% do PIB", ou seja, cortou gastos sociais para privilegiar o pagamento da dívida.

Uma destas medidas que agradam aos rentistas é o esforço do governo em aprovar nesta próxima terça-feira a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) na Câmara dos Deputados, conforme mostra o Correio Braziliense. Este mecanismo permite ao governo destinar para onde quiser – ou seja, principalmente para o pagamento da dívida – 20% das receitas que deveriam ser destinadas a áreas sociais, como a Seguridade Social.

Sobre este privilégio da dívida, o portal “Vi o Mundo” traz artigo de José Arbex, que cita dado constantemente divulgado pela Auditoria Cidadã da Dívida: R$ 6,8 trilhões gastos com a dívida pública federal de 1995 a 2010 (Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional). Arbex compara este valor com os gastos das chamadas “políticas compensatórias” (como o Bolsa Família):

Se as compensações atenuam a miséria, estão muito longe de resolver qualquer problema real. Os recursos do país que poderiam construir escolas, hospitais e obras de infraestrutura que permitiriam dispensar o Bolsa Família, servem para engordar os cofres do capital financeiro. De fato, a desigualdade e a miséria são perpetuadas, mas maquiadas por um verniz ‘humanista’”.

Por fim, o Jornal Estado de Minas divulga a primeira reunião da Comissão Especial da Assembleia Legislativa de MG sobre a dívida do estado, que propôs a instalação de um “dividômetro” nas Praças Sete e da Assembleia, que mostre em tempo real o montante do endividamento de MG. A intenção é mostrar à população como esta dívida cresce de forma acelerada devido ao índice utilizado para sua atualização, o IGP-DI.

Porém, o governo federal não aceita a revisão desta dívida, e tenta adiar – e agravar - o problema, concedendo um aumento de R$ 3 bilhões no limite de endividamento de MG. Aprofunda-se, assim, o círculo vicioso da dívida, ao se recorrer a mais empréstimos para suprir a falta de recursos gerada pelo próprio endividamento.