Sábado, 19 de novembro de 2011
Da "Tribuna da Imprensa"
Carlos Newton
A alegação para a leniência e aconivência agora é dizer que a
presidente Dilma Rousseff terá mais margem de manobra para promover
mudanças no Ministério do Trabalho se substituir Carlos Lupi na reforma
do início de 2012. Ou seja, a permanência do pedetista por mais um ou
dois meses seria, do ponto de vista da presidente, “indolor”.
Mas como classificar essa situação de processo “indolor”? O ministro
está se exaurindo em público. Seu próprio partido, o PDT, do qual é
presidente licenciado, já não o apóia. As denúncias contra sua gestão e a
atuação de ONGs fajutas se multiplicam, sem respostas adequadas.
E agora vem a explicação de que não há pauta relevante aos cuidados
do ministro até o ano que vem e Lupi estaria, nas palavras de
subordinados de Dilma, “esvaziado” e “controlado”. A única coisa certa
nisso tudo é dizer que Lupi está “esvaziado”, e é praticamente
impossível esvaziá-lo ainda mais. Ele já chegou ao fundo do poço.
Quanto a dizer que está “controlado”, ocorre justamente o contrário,
Carlos Lupi está totalmente sem controle, vendo sua carreira política
ser destruída dia após dia, como se estivesse submetido a uma tortura
chinesa. Sua luta para permanecer no cargo é tão desesperada que chega a
dar pena.
E a estratégia do Planalto continua a mesa. Deixa o ministro ir
apodrecendo progressivamente, “esvaziado e controlado”, como se o
governo não tivesse nada a ver com o que acontece nos ministérios. No
caso do Trabalho, nem “agenda importante” teria, vejam só que desculpa
esfarrapada.
Dizem que a próxima vitima será o ministro das Cidades, Mário
Negromonte. Ainda há poucas denúncias de irregularidades, mas há meses
ele entrou em rota de colisão com pelo menos metade da bancada (39
deputados federais e cinco senadores), ao afirmar que o partido (PP)
tinha muitos fichas-sujas. A campanha interna contra ele no PP é movida
pelo ex-ministro Marcio Fortes, que sonha dia e noite em voltar ao
ministério.
Como diz o mestre Helio Fernandes, que república.