Sexta, 10 de agosto de 2012
Por Ivan de Carvalho

A última das duas pesquisas mencionadas conferiu
40 por cento das intenções de voto ao deputado ACM Neto, candidato a prefeito
da coligação de cinco partidos liderada pelo Democratas, 13 por cento para o candidato
da coligação de 14 partidos liderada pelo PT, deputado Nelson Pelegrino e oito
por cento para o radialista e ex-prefeito Mário Kertész, candidato da coligação
liderada pelo PMDB e completada pelo PSC.
Da outra pesquisa, pouco
anterior, feita para uso reservado, não se pode avançar muito, devido às
restrições, ao meu ver exageradas ou talvez simplesmente ilegítimas, mas
legais. Quase tudo que sobre ela podia ser dito foi dito e o que se pode
acrescentar é que seu resultado, no tocante ao líder das intenções de voto, é
superior, mas o mais próximo possível, do apresentado pela pesquisa divulgada
pela TV Bahia. Pelegrino coloca-se, na pesquisa pública, abaixo, mas só um
pouco – o que não significa que não seja significativo – do que obteve na
pesquisa reservada. Kertész, da pesquisa reservada para a pública, teve em
desfavor um número maior de pontos percentuais.
Mas, voltando à campanha de
Pelegrino e à situação de sua candidatura, uma terceira pesquisa, não
eleitoral, mas de opinião dos eleitores a respeito dos governos estadual e de
Salvador e do governador e do prefeito da capital (encomendada pelo Correio da
Bahia à empresa Futura) mostrou um descontentamento geral do eleitorado. Tanto
na área municipal, onde foi até pior, quanto na área estadual, onde foi muito
ruim. Essa avaliação relacionada com a área estadual vem dificultando uma
escalada da candidatura do petista Pelegrino junto ao eleitorado.
Tal avaliação é circunstancial, já deixou muito a
desejar até a metade do primeiro mandato de governador de Jaques Wagner, depois
Wagner deu a volta por cima e reelegeu-se no primeiro turno com facilidade.
Agora a avaliação está ruim outra vez, mas ele cumpriu até aqui apenas um ano e
sete meses do segundo mandato (uma interpretação pessimista consideraria que
ele cumpriu cinco anos e sete meses do total de oito anos). Wagner tem
instrumentos objetivos para uma virada até 2014. Claro que o fenômeno que
Nelson Rodrigues chamava de “Sobrenatural de Almeida” pode manifestar-se:
repercussões do Mensalão na imagem do PT no país (isso pode também atingir
Pelegrino, que também não teve a ver com o caso, mas é do partido), os
resultados das eleições deste ano e sobretudo os reflexos internos, caso se
aprofundem, da crise financeira e econômica internacional.
Lutando no mundo materialista, concreto, o PT
acaba de fazer uma espécie de intervenção alegremente consentida na campanha de
Pelegrino – para tirá-la do casulo em que se metera – formando um conselho
político que traz a bancada baiana no Senado como elemento chave. Walter
Pinheiro, como reformador do núcleo de campanha e coordenador geral executivo.
Lídice da Mata, expressiva força auxiliar. E João Durval como a cereja do bolo,
honroso enfeite, que empresta o nome, a figura e a simpatia, mas de quem não se
espera que vá suar a camisa – e se sabe que não irá comer o bolo.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.