Sábado, 1 de agosto de 2012
Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) enviou
telegrama ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ofício ao
presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) de Mato Grosso do
Sul, desembargador Josué de Oliveira, pedindo que seja apurada a
“invasão” à sede do jornal Correio do Estado, na noite de
quarta-feira (29), por agentes da Polícia Federal. Eles cumpriam
determinação judicial para impedir a publicação de uma pesquisa de
intenção de voto para a prefeitura da capital, Campo Grande.
Segundo o editor de Política do Correio do Estado, Adilson
Paniago, a pesquisa encomendada só seria entregue no dia seguinte, mas
um funcionário teve de ligar todos os computadores do setor de paginação
para que os agentes verificassem se ela estava na versão que seria
impressa. Como não encontrar o que buscavam, os agentes partiram para o
parque gráfico. “Tivemos que parar as rotativas para eles conferirem
página por página”, disse Paniago.
O presidente da ABI, Maurício Azedo, considerou a ação uma “violação
grave de disposições constitucionais” e pediu, nas mensagens
encaminhadas, que o ministro Cardozo e os membros do TRE-MS intervenham
de forma a cessar “violências com precedentes apenas na ditadura
militar”.
Para o presidente da Seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB-MS), Leonardo Avelino Duarte, decisões
judiciais devem ser cumpridas, mas não da forma apontada na denúncia.
“Se há o descumprimento, responde-se criminalmente. O que chama a
atenção da OAB é a forma como supostamente foi feita [a ação], com a
permanência da Polícia Federal [no local] enquanto o jornal estava sendo
feito. Isso lembra os tempos da ditadura. Esse acesso prévio é
censura”, afirmou.
A Agência Brasil tentou falar com a Assessoria de
Comunicação do TRE-MS, mas o atendente do telefone divulgado na página
do tribunal na internet informou que o setor não está de plantão no fim
de semana.
O advogado do Correio do Estado, Laércio Guilhem, ingressou
no tribunal com agravo de instrumento para obter a cassação da liminar,
permitindo a divulgação da pesquisa concluída na quinta-feira (30). O
editor Paniago informou que a pesquisa seria a segunda divulgada neste
processo eleitoral e mostraria, além da evolução dos candidatos na
campanha para o primeiro turno, a simulação de disputas para o segundo
turno.