Domingo, 3 de março de 2013
Notícias comentadas sobre a dívida – 2/3/2013
Os jornais desta semana noticiaram
o maior “superávit primário” mensal desde o início da série histórica
feita pelo Banco Central (em 2001): em janeiro de 2013, União, Estados e
Municípios “economizaram” mais de R$ 30 bilhões para o pagamento da
dívida, cifra superior ao que se pretende gastar com o programa “Bolsa
Família” durante todo o ano de 2013 (R$ 22 bilhões).
Cabe ressaltar que o superávit primário corresponde a apenas uma
parte dos recursos destinados ao pagamento da dívida, que se alimenta
também de diversas outras fontes, principalmente da emissão de novos
títulos.
Nesta semana também foi noticiado que o Banco Central lucrou R$ 24,6 bilhões em 2012, e tal lucro somente pode ser destinado para o pagamento da dívida:
“Segundo o BC, o resultado positivo só pode ser utilizado pelo
Tesouro para abater dívida. Não pode ser usado para gastos com custeio
(orçamento federal).”
Outra fonte de recursos para o pagamento da dívida federal provém dos
juros e amortizações das dívidas pagos por estados e municípios à
União. Nesta semana, os jornais também mostraram
que, devido às altíssimas taxas de juros destas dívidas, governadores
estão tomando novos empréstimos para pagar a dívida com o governo
federal. Desde o ano passado a Auditoria Cidadã vem denunciando a
contratação de dívidas pelos estados junto ao Banco Mundial para
realizar pagamentos à União. A alternativa mais correta seria a
auditoria destas dívidas, dados os graves indícios de ilegalidades
destas dívidas (ver publicação da Auditoria Cidadã da Dívida sobre o tema).
Itália rechaça a política do FMI / União Européia
Nesta semana, os jornais noticiaram os resultados das eleições na Itália,
onde 90% dos eleitores rechaçaram o candidato Mario Monti,
representante das políticas impostas pelo FMI / União Europeia. Tais
políticas se baseiam no corte de gastos sociais para pagar uma dívida
ilegítima, feita em grande parte para salvar bancos falidos.
O Jornal Valor Econômico diz claramente:
“Os italianos deram um sinal claro: chega da política de
austeridade do atual governo, do tecnocrata Mario Monti. O seu bloco
centrista obteve apenas 10% dos votos. Nove em cada dez italianos
rejeitaram a receita de aumento de impostos e corte de gastos,
implementada por Monti sob pressão da Alemanha.”