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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 12 de março de 2013

Secretário do GDF e arquiteto “batem boca” sobre preservação de Brasília

Terça, 12 de março de 2013
Do Câmara em Pauta

Postado por Daniela Novais 12/03/2013

Crédito : Reprodução
Um tema superimportante que vem tomando corpo em Brasília: a preservação do patrimônio urbanístico e a manutenção do tombamento da cidade, Patrimônio Cultural da Humanidade. O assunto gerou discussão e divergência nesta segunda (11) entre o arquiteto Carlos Magalhães e o chefe da Casa Civil do Distrito Federal Swedenberger Barbosa e o que poderia ser revertido em debate profícuo, terminou como um bate boca com acusações não comprovadas e que não apontam para nenhum caminho que não o da "politicagem". 
Vamos apenas reproduzir as duas falas na íntegra, nos reservando o direito de não emitir opinião sobre um tema tão caro para a população e para a posteridade, mas não podemos nos furtar em reprovar a conduta de ambos e lamentar que conversas tão importantes politicamente ganhem contornos de disputa onde não se sabe quem ganha o que. Outra reflexão que fazemos é que o GDF é composto por uma coalizão de forças e que essa polarização de toda política jogando sempre “a culpa é do PT”, cada vez mais, soa como golpe eleitoreiro, tirando a força de argumentos válidos. 

Segue o “papo”, para que cada qual tire suas próprias conclusões.  

IPHAN – PRESERVAÇÃO – PALÁCIO DO BURITI

A reunião foi marcada pelo chefe da Casa Civil, no Palácio do Buriti às 17 horas do dia 6 de março, para tratar da ligação entre o setor hoteleiro Norte e Cultural.

Para a cidade e para o Conjunto Nacional a ligação é importante porque vai resolver um problema antigo, já detectado faz tempo, pelo Dr. Lucio Costa, permitindo a passagem segura de pedestres, que dos hotéis se dirigem ao setor Cultual Norte.

Além disso dobra o número de vagas admitido no estacionamento público.

Hoje são 500. Concluído o projeto serão 1.000.

Ganha a cidade e evidentemente o Conjunto Nacional com o seu comercio.

Participavam da reunião os representantes do Conjunto Nacional, o chefe da Casa Civil, Dr. Berger, e os autores do projeto já examinado pelo IPHAN.

Lá pelas tantas a autoridade do chefe da Casa Civil, sem qualquer razão compreensível se apresenta, completa e sem rodeios, atropelando a conversa.

Foi quando falávamos sobre a posição do IPHAN com relação à outra proposta referente ao urbanismo da cidade. O homem foi duro: “Resolvo na conversa ou na porrada,” e citou uma discussão que teve com a autoridade federal sobre os acessos ao eixo rodoviário norte.

Em outro momento naquele fim de tarde o “chefe” foi ainda mais duro e autoritário: “Para o nosso governo (PT) a preservação do Plano Piloto não tem tanta importância”. Se for o caso, comunicamos à UNESCO a decisão de retirar Brasilia da relação das cidades que constituem o Patrimônio Cultural da Humanidade.

Invocamos a questão cultural que envolve a preservação de Brasilia, e certamente será colocada quando o Governo Federal tomar tal decisão. O chefe da Casa Civil, insensível, nos disse que já tinha conversado com a Ministra da Cultura, Martha Suplicy, que na sua avaliação tem grande experiência administrativa e saberá encaminhar a questão junto à UNESCO.

Finalmente, diante do nosso espanto afirmou com a certeza dos poderosos, que a UNESCO, envolvida com falta de recursos e com outros problemas mais sérios, num outro momento, voltará a procurar o governo do DF com mais humildade.

Fiquei perplexo diante da demonstração de insensibilidade, desrespeito e desprezo pela cidade que representa tanto para o Brasil que temos a obrigação de preservar.

O projeto da cidade de Brasília, para quem não sabe foi resultado de concurso público, escolhido por júri internacional, tem tanta qualidade que ainda muito jovem foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Carlos Magalhães - Arquiteto

Resposta - Lamento que você tenha distorcido as palavras ou mesmo elevado o tom das críticas que fiz (e assumo) em relação ao papel que o IPHAN tenta desempenhar exorbitando de suas funções. Relembro: disse que em reunião recente com autoridades do IPHAN comentei que havia duas alternativas: trabalhar junto ou judicializar as relações entre os entes federativos....disse e repito que esta ultima é uma hipótese caso não se chegue a um acordo. Portanto não usei o termo: "resolvo na conversa ou na porrada". Esta fica por sua conta.

A segunda afirmação de que "para o nosso governo (PT) a preservação do Plano Piloto não tem tanta importância", é uma invenção. Comentei num contexto amplo a minha surpresa ( e confirmo)de que em outros momentos o IPHAN não havia adotado posicionamento tão rigoroso quanto o atual em relação ao GDF, de novo extrapolando suas funções. Nesse contexto falei que uma eventual desfiliação de Brasília da lista da UNESCO por si não traria prejuízos desde que quem a governasse tivesse compromissos com a cidade.

Emiti opinião em caráter pessoal, portanto não como posição governamental ou partidária. Alias, não é do meu feitio usar de cargos eventuais para fazer " arroubos de autoridade" como inclusive citei na conversa quanto a autoridade da instituição em questão chegou a fazer pelos jornais. Parece que você esqueceu, convenientemente. Pensei estar fazendo algumas colocações diante de uma pessoa amiga, que em inúmeras ocasiões já havia se comportado de forma irascível, mas que sempre relevei por considerar o temperamento mais direto, forte, transparente. Devo admitir, entretanto que uma pessoa que tem consideração com outra não adota os procedimentos que foram adotados por você.

Lamento, pois respeito a história das pessoas (inclusive a sua), as instituições(ainda que tenha divergências com a direção de algumas elas).

Desafio alguém me incluir no rol daqueles que destruíram e querem continuar a destruir nossa capital. Pelo contrario, a defendo e a preservo, mas não me alio aos dogmáticos de plantão que querem congelar Brasília como se fosse um quadro na parede.

Swedenberger Barbosa