Sábado, 7 de fevereiro de 2015
A seguir três postagem publicadas
pelo jornalista baiano Luís Augusto Gomes em seu Blog Por Escrito.
Rui mostra a cara da política de segurança
Data:
07/02/2015
09:13:54
09:13:54
Não há dúvida de que 90% da população brasileira são a
favor da pena de morte e em geral aprovam quando a polícia mata aos borbotões
nos morros e nas baixadas deste país.
Mas ainda bem que sobra pequena percentagem capaz de
refletir um pouco sobre tão sangrenta questão, que frequenta nosso dia a dia
com a naturalidade do sol e da chuva.
A motivação dessas palavras, claro, foi a morte, ontem,
pela Polícia Militar, em Salvador, de 12 pessoas às quais se atribuiu a
iminência da prática de crimes e que teriam reagido ao cerco militar.
A revelação mais evidente desse episódio é que o governo Rui Costa [PT/Bahia] mostrou a cara de sua política de segurança, confirmada pelo próprio
governador na metáfora futebolística de que a PM fez um "gol" legal.
A verdade é que estamos diante um quadro, no mínimo,
obscuro. Fala-se em “troca de tiros”, mas enquanto um sargento foi ferido “de
raspão” e logo liberado, do outro lado, 16 pessoas foram baleadas gravemente.
Data:
07/02/2015
09:11:54
09:11:54
No presente caso, como não se conhecem as identidades ou
as folhas corridas dos cadáveres depositados no Nina Rodrigues – de acusados,
julgados e executados num sumário processo subjetivo –, nada contradiz que
entre eles não haja aqueles absolutamente inocentes.
Um governador não pode coonestar de bate-pronto uma
situação de tão alta gravidade. Ele não viu o suposto confronto, ele não sabe o
que aconteceu. Pode, no máximo, ter recebido relatórios iniciais de como os
fatos teriam transcorrido.
Se não foi analisada tecnicamente a cena, se não há laudos
necrológicos nem depoimentos sobre o episódio, o governador corre perigosamente
o risco de alinhar-se às correntes da sociedade que acham que “tem que matar
mesmo”, sem saber exatamente a quem nem por quê.
O Estado, que ele momentaneamente representa por delegação
popular, é o sucessor da barbárie, à qual se opôs. Todo quadro social é produto
da ação ou da omissão do Estado, então, o Estado não pode admitir a punição
aleatória de terceiros por suas próprias falhas.
Saudade dos defensores dos direitos humanos
Data:
07/02/2015
09:09:32
09:09:32
Não se trata de uma contestação da reação enérgica da
polícia, legítima, a marginais que a enfrentem, mas do princípio civilizatório
elementar de que, com a justiça confiada ao arbítrio, impera a lei da selva.
Estratos da sociedade que tenham condições de morar em
bairros com arruamento, muros altos, proteção eletrônica e vigilância contínua
não estão expostos a tiroteios como as populações amontoadas nas favelas e
periferias.
Nos momentos de incursão policial, geralmente noturna,
todos, bandidos e cidadãos, são submetidos ao mesmo terror, não sendo poucos os
casos de “balas perdidas” matarem crianças. É a constatação de que o filho do
engenheiro vale mais do que o do pedreiro.
No caso da Bahia – porque essa é uma realidade nacional –,
houve um tempo em que atuavam incansavelmente os “defensores dos direitos
humanos”. Arrefeceram sua ação ao chegar ao poder e hoje assistem omissos a um
massacre que já dá saudade da Era Wagner [governador da Bahia anterior a Rui Costa].
=============E leia no Bahia em Pauta, blog também baiano: Massacre!: Apuração das 12 mortes em Salvador merece atenção, diz IBADPP. Aras condena comemoração do governador
Costa: defesa desastrada de ação truculenta
da PM baiana em “comício” para a tropa