Domingo, 9 de agosto de 2015
Da Tribuna da Internet
Sandra Starling - O Tempo
Em 1986, estreante ainda na política eleitoral, o Partido dos Trabalhadores em São Paulo lançou Eduardo Suplicy como candidato a governador. Ele sempre foi uma das grandes estrelas da agremiação desde os seus primórdios.
Naquele agora longínquo ano, em meio às dificuldades das campanhas que o partido enfrentava, sem recursos, sem malícia ou truques de qualquer espécie, de repente o candidato sumiu. Ninguém sabia onde ele se enfiara, e foi aquele “Deus nos acuda”. Procura daqui, procura dacolá, ao fim de três longos dias reaparece ele e repete a quem quisesse ouvir: ficara escondido em local da serra da Cantareira porque “perdera o eixo” em meio a tantos desafios a serem enfrentados.
Embora não veja nos dois nada de semelhante – seja porque ele sempre foi um gentleman, seja porque sempre soube sair-se com galhardia frente aos problemas da vida pública –, tenho pensado se a presidente não teria “perdido o eixo”, diante da enorme coleção de barbaridades, frases desconexas e gestos sem nenhum sentido que vem mostrando. Melhor seria se tivesse sumido.
PEDALADAS…
Sair a pedalar acompanhada de seguranças enquanto tantos pagam o pato pelas “pedaladas” de seu último mandato me parece inteiramente fora de propósito.
Achar que o fogo foi descoberto pela humanidade em recente desenvolvimento tecnológico ou dizer que não vai anunciar meta alguma porque, quando a meta for alcançada, será imediatamente dobrada, soa como desvario total. A nova designação que caiu em cabeça já tão atormentada de todas nós mulheres, a de que somos “mulher sapiens”, ou que a descoberta (ou terá sido invenção?) da mandioca foi um feito notável dos brasileiros, pode levar alguém a imaginar que algo de muito sério vem acontecendo na cabeça da primeira mandatária do país.
Que ela já não mais governa, disso sabemos todos os que acompanhamos os dolorosos acontecimentos. Inoperante, ela, a grande gestora, a “mãe do PAC” que deveria tirar o Brasil, definitivamente, da situação de país do futuro, parece um espantalho a espalhar asneiras por todo lado.
JUNTA MÉDICA
Enquanto isso, Joaquim Levy, como uma formiguinha aplicada, vai 700 vezes ao Congresso vazio de personalidades, porque há exatos três anos os parlamentares se arvoram em donos da Constituição e contra a letra clara dessa que deveria ser nossa Carta Magna e saem de férias no mês de julho, sem votar as diretrizes orçamentárias, a LDO, um dos grandes avanços trazidos pela Constituinte de 1988. Nem consigo saber com quem conversa Joaquim, porque lá, nos corredores vazios, perambulam Renan Calheiros e Eduardo Cunha a patrulhar eventuais medidas contra eles porventura determinadas pelo ministro Zavascki ou quem o substitui agora, a pedido do diligente juiz Sérgio Moro.
Diferentemente dos que clamam por impeachment ou pela renúncia de Dilma, vivo a me perguntar se o seu caso não seria mais bem tratado por uma junta médica. Talvez isso resolvesse o drama dos brasileiros.