Terça,
17 de agosto de 2018
Do
Jornal do Brasil
A Polícia Federal deflagrou operação na
manhã desta segunda-feira (17/8) para cumprir mandados em propriedades da seita
religiosa "A verdade que cura" suspeita de obrigar fieis a trabalhar
como escravos. Os envolvidos podem responder por tráfico de pessoas,
organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
No Sul de Minas, os mandados estão sendo cumpridos nas cidades
de Pouso Alegre (MG), Poços de Caldas (MG), Andrelândia (MG), Minduri
(MG), São Vicente de Minas (MG) e Lavras (MG). Além de Minas Gerais, também há
mandados sendo cumpridos nas cidades de Carrancas (BA), Remanso (BA), Marporá
(BA), Barra (BA), Ibotiram (BA) e Cotegipe (BA) e em São Paulo.
Segundo as investigações, os dirigentes da seita religiosa
estariam mantendo pessoas em regime de escravidão nas fazendas onde
desenvolviam suas atividades e rituais religiosos. Os fieis, ao ingressarem na
seita, eram convencidos a doar seus bens sob o argumento da convivência em uma
comunidade onde tudo seria de todos. Em seguida, eles eram obrigados a
trabalhar sem qualquer espécie de pagamento.
Segundo a PF, a estimativa é de que o patrimônio recebido em
doações dos fieis chegue a pouco mais de R$ 100 milhões. Parte desse patrimônio
teria sido convertido em grandes fazendas, casas e veículos de luxo.
A seita começou a ser investigada em 2011 e os trabalhos
resultaram na deflagração da "Operação Canaã" em 2013, quando a
Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do
trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais.
Na época, dois membros da seita foram presos por apropriação
indébita de cartões do programa "Bolsa Família" e de aposentadoria.
Segundo a Polícia Federal, a seita é oriunda de Ribeirão Preto (SP), mas em
2005, mudou-se para Minas Gerais. O grupo religioso atua nas cidades de Minduri
(MG), Andrelândia (MG), Madre de Deus (MG) e São Vicente de Minas (MG). Em
2006, as precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas. Na
época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São
Vicente de Minas e Minduri. Para a polícia, apesar de se organizarem em
associações comunitárias sem fins lucrativos, a seita funcionava como uma
empresa comercial.