Do Blogue Náufrago da Utopia
Em 2013, foi detido quando de um dos protestos no Rio de Janeiro, acusado de portar materiais incendiários: duas embalagens plásticas, uma de desinfetante, outra de água sanitária.
Arrastado
à delegacia pela polícia, afirmou que não participara da manifestação,
que não tinha interesse por política e que, passando no local por acaso,
levava os materiais de limpeza para uma tia.
Sua
história, porém, foi confrontada pela versão dos policiais que o
capturaram. Estes disseram que os bocais das embalagens estavam munidos
de trapos de flanela, como se fossem pavios de uma bomba caseira
incendiária. Rafael negou.
As
embalagens estariam lacradas. De nada adiantou o laudo técnico do
esquadrão antibombas indicar que, obviamente, garrafas plásticas não se
estilhaçam ao serem lançadas e que desinfetante e água sanitária não têm
a "mínima aptidão para funcionar como coquetel molotov". A despeito
disso, Rafael foi condenado a cinco anos de prisão.
No final de 2015, a pena progrediu para o regime aberto. Rafael arranjou um emprego, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Um mês depois, saiu de casa de bermudas, a fim de comprar pão para a mãe, quando foi abordado por policiais militares, que o prenderam sob acusação de tráfico de drogas.
No final de 2015, a pena progrediu para o regime aberto. Rafael arranjou um emprego, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Um mês depois, saiu de casa de bermudas, a fim de comprar pão para a mãe, quando foi abordado por policiais militares, que o prenderam sob acusação de tráfico de drogas.
Afirmaram
ter encontrado com ele uma sacola com 0,6 gramas de maconha e nove
gramas de cocaína. Rafael disse estar de mãos vazias. A palavra de uma
testemunha de defesa foi ignorada, pois a Justiça considerou que esta
visava "tão somente eximir as responsabilidades criminais do acusado".
Portanto,
com base apenas nos depoimentos dos policiais –considerados "prova
robusta" no texto da sentença–, Rafael foi condenado novamente, desta
vez a 11 anos de prisão.
Na
última 3ª feira (1º), foi posto em votação um pedido de habeas corpus a
seu favor, no Tribunal de Justiça do Rio. Dois dos três desembargadores
votaram pela manutenção da pena. O terceiro pediu vistas do processo.
Enquanto
isso, Rafael segue preso em Bangu, alimentando as estatísticas
perversas que incidem sobre outros jovens iguais a ele, pretos, pobres e
periféricos.
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(trecho do artigo Liberdade para Rafael Braga, jovem negro
vítima de sistema penal desigual, do jornalista,
pesquisador e biógrafo Lira Neto)
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