Terça, 19 de setembro de 2017
Do Esquerda Diário
Em
seu hipócrita discurso na 72ª assembleia geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), em Nova York, Temer afirmou que houve uma "redução
de 20% no desmatamento da Amazônia". Ele declarou que o “novo Brasil”
que está surgindo das reformas neoliberais será “mais aberto” ao mundo.
Michel Temer discursa durante abertura da 72ª Assembleia Geral da ONU (Foto: Seth Wenig/AP Photo)
“O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais
do planeta. O desmatamento é questão que nos preocupa, especialmente na
Amazônia. Nessa questão temos concentrado atenção e recursos. Pois trago
a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano
já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região.
Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos”, declarou.
Cumpre lembrar que o vasto desmatamento operado por monopólios
internacionais e grandes madeireiros nacionais segue a todo vapor. As
mineradoras seriam beneficiadas com a entrega da Renca (Reserva Nacional
do Cobre e Associados) pelo governo, que teve de retroceder após
repúdio nacional.
A reserva, entre os estados do Amapá e do Pará, foi criada em 1984 e
tem mais de 4 milhões de hectares. A região tem potencial para
exploração de ouro e outros minerais, entre os quais ferro, manganês e
tântalo. Após as críticas, o governo fez um novo decreto, com algumas
mudanças práticas embora tenha mantido a extinção da reserva e liberação
da exploração mineral em parte da área.
Temer também destacou as reformas neoliberais que seu governo está
implementando. “O Brasil atravessa momento de transformações decisivas.
Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem
precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. E, com ele, a
credibilidade da economia. Voltamos a gerar empregos. Recobramos a
capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis
em um país como o nosso”, afirmou.
Governo e mídia burguesa falsamente comemoram como vitória o segundo
crescimento seguido no Produto Interno Bruto (PIB). No segundo trimestre
foram 0,2% de crescimento em relação ao trimestre anterior e 0,3% de
crescimento em relação aos últimos 12 meses. Após encolhimento de 7,2%
na economia em 2015 e 2016, 0,3% é um índice muito baixo de recuperação,
além de que o principal indicador de “aquecimento” da economia, a
Formação Bruta de Capital Fixo, continuar em decrescimento por quase 4
anos.
O desemprego segue galopante no Brasil (14 milhões), com um número
mais alto de trabalhadores saindo das fileiras da PEA por desalento, ou
engrossando as fileiras da informalidade e dos empregos sem carteira
assinada, terreno preparado pela grotesca reforma trabalhista.
Temer também defendeu um sistema de “comércio internacional aberto e
baseado em regras”. No fim de agosto, a Organização Mundial do Comércio
(OMC) pediu que o Brasil tire em 90 dias subsídios industriais, após
queixas da União Europeia e Japão contra uma série de incentivos do
governo a setores da indústria nacional. Temer, como não poderia deixar
de ser, quer entregar o Brasil à China e a compradores de todo o mundo.
Antes de Temer, se pronunciaram o secretário-geral da ONU, o
português António Guterres, e o presidente da Assembleia Geral, o
eslovaco Miroslav Lajcák. A fala mais esperada é a do presidente dos
EUA, Donald Trump, que estreia na ONU após sua posse em janeiro desse
ano. Na segunda (18), o imperialista defendeu reformas na organização.
À tarde, Michel Temer tem encontros com os presidentes da Autoridade
Palestina, Mahmud Abbas, e do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, assim como
com o primeiro-ministro de Israel, o assassino sionista Benjamin
Netanyahu.
Na noite de segunda-feira (18), Temer e Trump participaram de um
jantar em que discutiram a situação da Venezuela. O americano disse que
quer que a Venezuela restaure sua democracia e que a situação no país é
inadmissível. O presidente brasileiro afirmou que houve uma
"coincidência " de posições de que a pressão diplomática sobre Caracas
deve continuar para que se chegue a uma solução democrática.
Outros líderes latino-americanos, como os presidentes de Colômbia e
Panamá, também foram convidados ao encontro. Temer afirmou que os países
da América Latina e do Caribe querem continuar a pressionar a
Venezuela, para ajudá-la, mas disse que não concordam com intervenção
externa.
"Eu próprio relatei que recebi o (oposicionista venezuelano) Leopoldo
López, tenho mantido os mais variados contatos, recebi a esposa dele, a
mãe dele para revelar a posição do Brasil em relação à Venezuela, coisa
que não ocorria antes, não é? E houve coincidência absoluta, as pessoas
querem que lá se estabeleça a democracia, não querem uma intervenção
externa, naturalmente, mas querem manifestações que se ampliem, a dos
países que aqui estão para os países da América Latina, para os Países
Caribenhos, de maneira a pressionar a solução democrática na Venezuela",
disse Temer.
Assim, Temer indica auxiliar o governo Trump em suas agressões contra
a Venezuela, lado a lado com a direita pró-imperialista organizada na
MUD, uma alternativa política que não representa nada de progressista
contra o governo bonapartista e autoritário de Maduro. Trump foi
contundente na condenação da Venezuela: nenhuma saída virá pelas mãos da
intervenção imperialista na América Latina. Repudiar essas agressões é
repudiar esse governo servil de Temer.
Cheio de hipocrisia, Temer revelou novas profundezas de submissão aos senhores do norte, a Wall Street e ao Pentágono.