Quarta, 13 de setembro de 2017
Em entrevista publicada pelo Correio Braziliense neste domingo (10), o governador Rodrigo Rollemberg desfia um rosário de ilações e declarações maliciosas e deixa claro que seu objetivo ao propor a unificação dos fundos do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal, o Iprev-DF, é pavimentar uma recandidatura ao cargo que ocupa atualmente. Nada mais justificaria as inverdades e agressões aos sindicatos e a parlamentares, em especial o deputado distrital Wasny de Roure, que o governador cita nominalmente.
Em primeiro lugar, Rollemberg desrespeita o princípio da separação dos Poderes, ao tentar impor suas vontades ao Legislativo, que tem entre suas funções evitar que ações e decisões equivocadas do Executivo venham a prejudicar o Distrito Federal – como é o caso na pretendida falsa reformulação da previdência dos servidores.
Até mesmo os exemplos que o governador usa refletem malícia: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná estão entre os estados que mais penalizaram os servidores públicos estaduais com medidas para contornar a crise, mas nunca alcançaram esse objetivo e ainda projetaram crises para o futuro.
Só por malícia um governante critica um parlamentar por usar de mecanismo legítimo, reconhecido pela Justiça, para que uma proposta polêmica seja discutida. Essa falta argumentação de Rollemberg é um claro e preocupante atentado ao que há de mais básico na democracia e reforça a percepção do autoritarismo do atual governante.
Se houvesse o convencimento de sindicalistas e parlamentares em relação à proposta do governo, como diz Rollemberg, nomes seriam ditos e planilhas com cálculos seriam de domínio público – o que é impossível porque foi apenas mais uma demonstração de falta de sinceridade.
A segregação de massas adotada na constituição dos fundos do Iprev ocorreu exatamente porque se sabia que o fundo financeiro seria deficitário e que daqui a 13 anos, esse movimento ia começar a se reverter. Com a junção das duas massas, a perspectiva de um equilíbrio seria descartada ou adiada por décadas.
Também seria motivo de espanto, se não partisse e uma pessoa que tem se mostrado sem palavra e sem princípios, o governador assumir que negocia apoio em troca de cargos no Executivo. O compromisso dos deputados distritais deve para com o Distrito Federal e não com o mandato do governador do momento – nem do atual, nem de outro. Rollemberg parece tratar os indicados de seus aliados como reféns e usa de chantagem contra eles e contra o Poder Legislativo local. Nisso também revela a traição ao eleitorado, porque faz o oposto da “nova política” que prometeu quando estava em campanha.