Sexta, 1º de setembro de 2017
Ministro afirmou que eles estão nos altos escalões e até onde menos se espera
Do Jornal do Brasil
Ao participar de uma palestra para estudantes na Procuradoria-Geral
do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ), onde trabalhou, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso voltou a citar uma "operação
abafa" contra a Operação Lava-Jato. Segundo ele, os interessados em barrar
o avanço das investigações têm aliados nos "altos escalões" e
"até onde menos seria de se esperar". Barroso não indicou nomes e
instituições que estariam por trás deste movimento.
“Poucos países no mundo tiveram coragem de enfrentar uma corrupção
extensa e generalizada como era a nossa com a determinação que se está
enfrentando no Brasil. É claro que há reações, é claro que há operação abafa.
As pessoas não gostam de ser punidas. E, na verdade, o que aconteceu, é que
esse processo de enfrentamento da corrupção alcançou pessoas que se
consideravam imunes e, consequentemente, impunes”, disse o ministro, que
considerou ainda pior a quantidade de autoridades que não querem ficar honestos
nem daqui para frente e que gostariam de manter o mesmo poder e as mesmas
práticas. “Aliás, em três anos de Lava-Jato, há grande quantidade de pessoas
que acham que nada mudou e ainda confiam piamente que vai continuar assim.
Pior: essas pessoas têm aliados em toda parte, nos altos escalões, nos poderes,
na imprensa e até onde menos seria de se esperar”, afirmou Barroso.
O ministro também indicou uma posição
contrária à mudança de entendimento do STF sobre a prisão de condenados em
segunda instância. Uma decisão recente da Corte permitiu o início do
cumprimento da pena antes que o processo transitasse em julgado, ou seja, fosse
analisado por todas as instâncias da Justiça. “Há uma velha ordem incrustada na
sociedade brasileira, de gente que gostaria que tudo continuasse como está,
porque alguém ganha com o modelo que está. É a velha mentalidade de que prender
rico é inconstitucional, de que crime de colarinho branco não é grave e que a
jurisprudência que oferece risco de prender rico deve ser mudada o mais rápido
possível”, disse Barroso.
Sobre o pedido de suspeição do ministro
Gilmar Mendes, seu colega de toga no STF, que foi padrinho de casamento da
filha de Jacob Barata Filho e recebeu flores do empresário de ônibus, acusado
de corrupção, Barroso resolveu jogar para a ministra e presidente do Supremo,
Cármen Lúcia. “Depende da presidente”.