Segunda, 18 de setembro de 2017
              Raquel Júnia - Repórter do Radiojornalismo*
Um professor do Instituto Federal Fluminense
 (IFF), em Campos dos Goytacazes, no norte do estado, será investigado 
pelo crime de racismo. A 2ª Vara Federal de Campos aceitou denúncia 
feita pelo Ministério Público Federal contra o docente Maurício Nunes 
Lamonica.
Em março do ano passado, o professor postou 
mensagem nas redes sociais comparando a mulher negra a uma cerveja 
escura. Em uma foto segurando uma cerveja, ele disse: “Para ninguém 
achar que eu não gosto de afrodescendente”. E acrescentou: “Nega 
gostosa. Uh! Foi mal”.
Para Justiça Federal, a declaração do 
professor sugere desprezo pela população negra e se encaixa em 
discriminação pela cor de pele. Na denúncia, o MPF reforça que o racismo
 não está apenas na comparação entre a cerveja e as mulheres negras, mas
 também na ironia.
N denúncia apresentada à Justiça, os 
procuradores destacam também o fato de a agressão ter sido feita por um 
professor, que tem o papel de educar, e ter sido disseminada pela 
internet, com rápida repercussão.
Na época, o professor foi 
denunciado pela Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do 
Brasil (OAB) de Campos, que elaborou uma notícia-crime contra Lamonica.
 Saiba Mais
Racismo coloca em risco a vida de mulheres negras
 
O
 movimento de mulheres negras chama atenção para a relação entre 
machismo e racismo, que reforça estereótipos de gênero e contribui para 
aprofundar desigualdades. A coordenadora da organização não 
governamental Criola, Lúcia Xavier, vem alertando para a sexualização de
 mulheres negras, que tem um fundo histórico, e é responsável pela 
desvalorização da vida delas. O resultado, afirma, está no crescente 
índice de violência.
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou, por exemplo, que o número de mortes violentas de
 mulheres negras aumentou 54% em dez anos, entre 2003 e 2013, chegando 
2.875 vítimas. No mesmo período, homicídios de mulheres brancas caiu 
9,8%.
Defesa
 
O advogado do professor do 
IFF, Amyr Moussalem, afirmou que Lamonica não foi notificado e prefere 
não se pronunciar. Ele adiantou, no entanto, que o acusado vem 
participando de diversas audiências sobre o tema e inclusive já se 
retratou publicamente.
Por meio da assessoria de imprensa, o 
Instituto Federal Fluminense informou que na época do ocorrido abriu um 
processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do professor e
 decidiu pela aplicação de uma advertência. Segundo o instituto, ele 
ficou afastado das atividades durante o processo e atualmente voltou a 
dar aulas no ensino médio.
* Colaborou Isabela Vieira, da Agência Brasil
 
 
 
