Terça, 22 de novembro de 2011
Da Tribuna da Imprensa
Carlos Newton
Reportagem de Karla Correia no Correio Braziliense, o jornal mais
importante de Brasília, mostra que o governo do PT, desde os tempos de
Lula, está sendo conivente e leniente com a corrupção. A
Controladoria-Geral da União tem feito um trabalho extraordinário para
moralizar a administração pública, mas nada acontece.
“Se o governo pudesse voltar no tempo até 15 de julho de 2008, acrise
que hoje atinge o Ministério do Trabalho já poderia ser considerada
assunto superado. Naquele dia, a Controladoria-Geral da União (CGU)
concluiu relatório, enviado ao gabinete do ministro Carlos Lupi, no qual
apontava irregularidades em um convênio firmado entre a pasta e a
Fundação Pró-Cerrado na área de qualificação profissional”, narra a
repórter Karla Correia.
Da mesma forma, em dezembro de 2010, o secretário de Prevenção da
Corrupção da CGU, Mário Vinícius Spinelli, esteve no gabinete do então
ministro do Turismo, Luiz Barretto. Tinha em mãos um parecer mostrando
falhas graves em contratos assinados para capacitação de mão de obra e
realização de eventos. Mas não adiantou nada.
A repórter do Correio mostra que, depois de três anos acumulando
poeira, sem que nada fosse feito, o primeiro relatório vem à tona no
inferno astral vivido por Carlos Lupi, depois que sua relação com o
dirigente da Pró-Cerrado, Adair Meira, foi revelada pela imprensa.
Hoje, Lupi contempla o mesmo abismo no qual o ex-ministro do Turismo
Pedro Novais caiu, abatido por uma crise iniciada com uma operação da
Polícia Federal sobre os mesmos problemas que já tinham sido detectados
pela CGU e encorpada com uma saraivada de denúncias divulgadas no
noticiário. O roteiro é o mesmo dos escândalos que derrubaram outros
quatro ministros envolvidos em denúncias de corrupção.
O governo sabia antecipadamente das irregularidades em praticamente
todos os escândalos que foram divulgados pela imprensa”, afirma
Spinelli, na estratpegica condição de secretário de Prevenção da
Corrupção da Controladoria.
***
ATÉ AGORA, SÓ SERVIDORES PUNIDOS
A repórter Karla Correia mostra que o problema é que esse
conhecimento só resulta em algum tipo de penalidade contra um integrante
do alto escalão do governo quando se torna alvo de denúncias
apresentadas na imprensa. Equipados com estruturas de peso, órgãos de
fiscalização, como a CGU e o Tribunal de Contas da União (TCU), produzem
uma profusão de informações sobre irregularidades em obras e contratos
que tornam difícil para qualquer governante afirmar que desconhece
problemas desse tipo.
Sintomaticamente, um dado que a CGU tem orgulho de divulgar é o
número de servidores federais que foram afastados de seus cargos nos
últimos oito anos pelo governo, por evidências de envolvimento em
corrupção. “São mais de 3,5 mil funcionários”, contabiliza o secretário
Spinelli.
Mas as investigações prévias da CGU e do TCU ainda não abateram
nenhum ministro. Tomem-se, por exemplo, as denúncias envolvendo o
Ministério do Turismo. Sócio de uma das empresas beneficiadas pelos
contratos com irregularidades apontadas pela CGU, a MGP Brasil, o
servidor Luciano Paixão da Costa deixou o cargo tão logo o relatório
chegou ao conhecimento do ex-ministro Luiz Barreto. Mais de nove meses
depois, o ministro Pedro Novais só teve sua posição ameaçada quando o
secretário executivo da pasta, Frederico da Silva Costa, foi preso
durante a Operação Voucher da Polícia Federal, que prendeu quase 40
envolvidos.
Pedro Novais conquistou uma sobrevida por contar com apoio dentro de
seu partido, o PMDB, e por padrinhos como o presidente do Senado, José
Sarney, o vice-presidente da República, Michel Temer, e o líder da
legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). E só foi cair mesmo
quando a imprensa divulgou que a mulher dele, Maria Helena de Melo,
mantivera irregularmente um funcionário da Câmara como seu motorista
particular, vejam a que ponto chegamos.