Quinta, 3 de outubro de 2011
Da Agência Senado
Representantes de Comitês de Bacias Hidrográficas discutem o projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011)
na próxima quinta-feira (10), em audiência na Comissão de Meio Ambiente
(CMA). Documento com as demandas dos comitês para a nova lei florestal
também será entregue ao presidente do Senado, José Sarney.
Em
encontro nacional dos Comitês de Bacias, realizado no final de outubro,
foi aprovada moção contra a redução das Áreas de Preservação Permanente
(APPs) nas margens de rios e contra a regularização generalizada do uso
dessas áreas.
O Brasil conta com 180 Comitês
de Bacias, integrados por usuários locais dos recursos hídricos,
organizações da sociedade e representes das prefeituras, governos
estaduais e governo federal.A utilidade das informações reunidas nos
comitês para a elaboração do novo Código Florestal foi ressaltada por
Mário Mantovani, diretor da entidade SOS Mata Atlântica, em debate
realizado no Senado na segunda-feira (31).
Para
Mantovani, os senadores devem modificar a proposta que veio da Câmara
para assegurar a proteção das matas ciliares e evitar gastos resultantes
do desmatamento nas margens de rios.
- Hoje,
se gasta muito mais no Brasil com o desassoreamento dos rios do que com
saneamento. Isso é uma inversão de valores, porque sai muito caro para
toda a sociedade - frisou.
Em documento aprovado
pelos Comitês de Bacias, seus signatários defendem a manutenção do
critério de mensuração da mata ciliar a partir do leito maior e não da
calha regular, como consta do projeto de reforma do Código. Também pedem
que seja mantida a largura mínima de 30 metros como faixa de APPs ao
longo dos rios.
O documento também defende que a
compensação por desmatamento ocorra na bacia hidrográfica afetada e não
em outra bacia ou outro bioma. Solicita ainda que seja dado tratamento
diferenciado para áreas consolidadas em ambiente urbano, especialmente
em função de riscos de enchentes e deslizamentos de encostas.
Cidades
As
normas a serem previstas no novo código para APPs nas cidades também
devem ser discutidas em outra audiência da CMA, prevista para
quarta-feira (9). Entre os convidados para esse debate está o secretário
do Ministério de Ciência e Tecnologia Carlos Afonso Nobre. Em debate
realizado no Senado no início de outubro, Nobre argumentou que o Código
Florestal deveria "incorporar o princípio de salvaguarda da vida humana,
além da proteção à biodiversidade, água e solos".
Ele
também afirmou que APPs ripárias (nas beiras dos rios) não deveriam
seguir regras gerais e sim serem definidas a partir da chamada passagem
de inundação, com base nas condições locais, seguindo o limite alcançado
pelas águas em períodos de enchentes.
Na
discussão de seu relatório nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e
de Agricultura (CRA), o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC)
reconheceu a necessidade de aperfeiçoar, no projeto do novo código, as
regras para áreas protegidas nas cidades.
Iara Guimarães Altafin / Agência Senado