Quinta, 6 de dezembro de 2012
BRUNO BOGHOSSIAN, FAUSTO MACEDO - O Estado de S.Paulo
Autor das denúncias de corrupção investigadas pela
Operação Porto Seguro, Cyonil Borges afirmou à Polícia Federal e ao
Ministério Público Federal que Paulo Vieira, apontado como chefe do
esquema, usou o gabinete da Presidência da República em São Paulo, em
2008, para uma reunião em que os dois discutiram dificuldades do setor
portuário - área que concentrou parte das fraudes reveladas pelo
inquérito.
O encontro teria sido o primeiro contato formal entre eles. No ano
anterior, Cyonil, que era auditor do Tribunal de Contas da União (TCU),
havia emitido um parecer técnico contrário à ocupação de uma área do
Porto de Santos pela empresa Tecondi, que Vieira tentava beneficiar, de
acordo com as investigações.
Em 2009, um ano depois da reunião no gabinete da Presidência em São
Paulo, Vieira teria oferecido R$ 300 mil a Cyonil para que ele
produzisse um parecer técnico a favor da Tecondi.
Segundo um documento de 12 páginas apresentado por Cyonil à
Procuradoria da República em São Paulo, a que o Estado teve acesso, o
delator do esquema teria sido convidado por Vieira ao gabinete - que era
utilizado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus
ministros em viagens à capital paulista.