Terça, 25 de dezembro de 2012
O relator da ONU para a imprensa falou coisas importantes no Brasil, mas foi ignorado
Frank de La Rue, relator da ONU para a liberdade de expressão, disse coisas importantes em sua recente passagem pelo Brasil.
Lamentavelmente, mas não surpreendentemente, a cobertura foi virtualmente nula, embora o tema de alto interesse público: liberdade de expressão.
Rue foi ignorado por uma razão: ele disse coisas que não atendem aos interesses corporativos das grandes empresas de jornalismo, a começar pela Globo.
Em outras ocasiões, ele foi bem coberto pela própria Globo, como verifiquei numa pesquisa rápida. O Jornal Nacional e o Globo deram bem críticas que Rue fez, em 2009, a Chavez na questão da imprensa.
Portanto, Rue é notícia na Globo quando fala coisas que agradam à família Marinho e é nada quando fala coisas que desagradam.
Essa delinquência jornalística simboliza o ponto que Rue defendeu no Brasil: o país tem que discutir uma lei de mídia, em nome da liberdade de expressão e, mais ainda, do direito sagrado dos brasileiros à informação.
O Diário já defendeu várias vezes que o Brasil se inspire na reforma que está sendo feita na Inglaterra por inspiração do juiz Brian Leveson, que por mais de um ano comandou uma investigação sobre os excessos da mídia e as formas de proteger a sociedade deles.
Rue cita dois exemplos vizinhos para o Brasil: a Argentina e o Uruguai. Mais uma vez: o que você lê na grande mídia brasileira são sistemáticos ataques à Lei dos Meios da Argentina, embora o ponto mais importante dela seja mitigar a indefensável, intolerável concentração multimídia do grupo Clarin, obtida graças a favores da ditadura militar.
Sobre o Uruguai, paira um espesso silêncio. Isso quer dizer que os brasileiros não estão tendo acesso a informações importantes para formar opinião sobre a questão da mídia.
Rue tem uma tese sobre a concessão de emissoras de tevês e rádios. As frequências das quais derivam as emissoras de tevê e as estações de rádio são “propriedade do Estado”, nota ele, e deveriam ser administradas como recursos como “solo, água e petróleo”.
Leia a íntegra no Diário do Centro do Mundo