Terça, 11 de dezembro de 2012
Empresário afirma que partido o procurou para que Ronan
Maria Pinto parasse de chantagear o ex-presidente; motivo teria ligação
com morte de Celso Daniel
Felipe Recondo, Alana Rizzo e Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O PT teria pedido ao operador do mensalão,
Marcos Valério, R$ 6 milhões para que o empresário Ronan Maria Pinto, de
Santo André (SP), parasse de chantagear o ex-presidente Lula, o então
secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu.
Por trás das ameaças estaria a morte do prefeito de Santo André, Celso
Daniel (PT), executado em janeiro de 2002.
A polícia concluiu que o petista foi vítima de "criminosos comuns",
mas o Ministério Público sustenta que ele foi eliminado a mando do
empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, porque decidiu dar um basta
em amplo esquema de corrupção em sua administração depois que constatou
que o dinheiro desviado não abastecia exclusivamente o caixa 2 do PT,
mas estava sendo usado para enriquecimento de algumas pessoas.
As informações de Valério foram dadas em depoimento ao Ministério
Público Federal. Ele afirmou que se recusou a interferir neste caso. Mas
contou que Lula foi ajudado por José Carlos Bumlai, que tinha livre
acesso no Palácio do Planalto no governo Lula. Amigo pessoal do
ex-presidente, de quem é anfitrião frequentemente em sua fazenda em Mato
Grosso do Sul, Bumlai é um dos maiores pecuaristas do País. O dinheiro
teria vindo de um empréstimo firmado por Bumlai no Banco Schahin,
grafado erroneamente como Chain no depoimento prestado por Valério.