Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Nilo reforça posição

Sexta, 15 de setembro de 2013
Por Ivan de Carvalho
Não é o único motivo, mas até por acontecer hoje o fim do recesso parlamentar e, a partir das 10 horas, sessão solene de abertura dos trabalhos da Assembléia Legislativa [da Bahia] com a presença do governador Jaques Wagner, que lerá sua mensagem anual, valem referências a declarações do presidente do Poder Legislativo, deputado Marcelo Nilo, à Rádio Sociedade e registradas no site Política Livre.

            Cumpre antes lembrar que no dia 1º de fevereiro, Marcelo Nilo, em votação secreta, obteve pela quase totalidade dos votos – com apoio de todos os partidos representados na Assembléia e sem candidato concorrente – o quarto mandato consecutivo de presidente do Legislativo. Isso demonstrou, faça-se que análise se queira fazer, capacidade de articulação e de obter alto grau de satisfação junto aos seus pares, tanto governistas quanto oposicionistas.

            Prova disso é que o PT – o partido que está no comando do governo estadual, por intermédio de sua bancada na Assembléia, onde é a mais numerosa – desejava o cargo e sonhou com ele até o limite, mas acabou dando o braço a torcer, ante a evidência de que não havia condições de brigar com a realidade e mudá-la em seu proveito. O PT finalmente apoiou Marcelo Nilo, do PDT, e adiou, mais uma vez, sua pretensão de presidir a Assembléia.

            Isto posto, vamos ao núcleo das declarações do presidente da Assembléia à emissora de rádio. Ele já proclamara há meses que é candidato a governador e se esforçará para viabilizar sua candidatura, objetivo no qual está trabalhando intensamente, mas só a manterá se tiver o apoio do governador Jaques Wagner. Ontem, acrescentou a isto que, se não for escolhido para candidato a governador, não aceita outra vaga na chapa governista às eleições majoritárias previstas para 2014.

            Vale citá-lo textualmente: “Há dois anos, o governador me convidou para ser candidato a senador na sua chapa, com apenas duas vagas, e eu não quis. Não existe a menor possibilidade de eu ser vice, não é o meu estilo e não quero ser vice”.

            Completando, ele repisou que respeitará a opção que Jaques Wagner adotar, mas afirmou que a escolha de um candidato a governador petista pela coalizão governista não é uma imposição. “O presidente (do PT) Jonas Paulo disse hoje (ontem) para a Tribuna da Bahia que o candidato será do PT, mas ele tem que trabalhar pelo PT. O Alexandre Brust, presidente do meu partido, trabalha pelo PDT. Agora, o coordenador será Jaques Wagner”, disse, observando que tem permanente contato com o governador e que “o PT tem a preferência, mas não tem a exclusividade”.

            Outras coisas disse Marcelo Nilo, em reforço e acréscimos secundários ao já citado, mas deixa no ar uma questão. Até aqui, ele não havia feito acompanhar as declarações de que é candidato ao governo com as de que não aceita outro lugar na chapa, inclusive enfatizando a negativa para a hipótese de ser candidato a vice-governador.

            Sua iniciativa de ontem parece um esforço para desmontar interpretações, que provavelmente terá detectado, de que está se colocando como candidato a governador como parte principal de uma estratégia para acabar figurando na chapa como candidato a vice. Tais interpretações, caso prosperem, certamente reduziriam o que julga ser seu potencial de se viabilizar como candidato a governador. Daí, pode-se inferir, a ênfase das declarações de ontem, que põem em xeque essa espécie de interpretação, reforçando o posicionamento de aspirante ao cargo de governador – até o momento, o único ostensivamente confesso na área governista, embora, claro, não o único existente.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.