Sexta,
15 de setembro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

Cumpre antes lembrar que no dia 1º
de fevereiro, Marcelo Nilo, em votação secreta, obteve pela quase totalidade
dos votos – com apoio de todos os partidos representados na Assembléia e sem candidato
concorrente – o quarto mandato consecutivo de presidente do Legislativo. Isso
demonstrou, faça-se que análise se queira fazer, capacidade de articulação e de
obter alto grau de satisfação junto aos seus pares, tanto governistas quanto
oposicionistas.
Prova disso é que o PT – o partido
que está no comando do governo estadual, por intermédio de sua bancada na
Assembléia, onde é a mais numerosa – desejava o cargo e sonhou com ele até o
limite, mas acabou dando o braço a torcer, ante a evidência de que não havia
condições de brigar com a realidade e mudá-la em seu proveito. O PT finalmente
apoiou Marcelo Nilo, do PDT, e adiou, mais uma vez, sua pretensão de presidir a
Assembléia.
Isto posto, vamos ao núcleo das
declarações do presidente da Assembléia à emissora de rádio. Ele já proclamara
há meses que é candidato a governador e se esforçará para viabilizar sua
candidatura, objetivo no qual está trabalhando intensamente, mas só a manterá
se tiver o apoio do governador Jaques Wagner. Ontem, acrescentou a isto que, se
não for escolhido para candidato a governador, não aceita outra vaga na chapa
governista às eleições majoritárias previstas para 2014.
Vale citá-lo textualmente: “Há dois
anos, o governador me convidou para ser candidato a senador na sua chapa, com
apenas duas vagas, e eu não quis. Não existe a menor possibilidade de eu ser
vice, não é o meu estilo e não quero ser vice”.
Completando, ele repisou que
respeitará a opção que Jaques Wagner adotar, mas afirmou que a escolha de um
candidato a governador petista pela coalizão governista não é uma imposição. “O
presidente (do PT) Jonas Paulo disse hoje (ontem) para a Tribuna da Bahia que o
candidato será do PT, mas ele tem que trabalhar pelo PT. O Alexandre Brust,
presidente do meu partido, trabalha pelo PDT. Agora, o coordenador será Jaques
Wagner”, disse, observando que tem permanente contato com o governador e que “o
PT tem a preferência, mas não tem a exclusividade”.
Outras coisas disse Marcelo Nilo, em
reforço e acréscimos secundários ao já citado, mas deixa no ar uma questão. Até
aqui, ele não havia feito acompanhar as declarações de que é candidato ao
governo com as de que não aceita outro lugar na chapa, inclusive enfatizando a
negativa para a hipótese de ser candidato a vice-governador.
Sua iniciativa de ontem parece um
esforço para desmontar interpretações, que provavelmente terá detectado, de que
está se colocando como candidato a governador como parte principal de uma
estratégia para acabar figurando na chapa como candidato a vice. Tais
interpretações, caso prosperem, certamente reduziriam o que julga ser seu
potencial de se viabilizar como candidato a governador. Daí, pode-se inferir, a
ênfase das declarações de ontem, que põem em xeque essa espécie de
interpretação, reforçando o posicionamento de aspirante ao cargo de governador
– até o momento, o único ostensivamente confesso na área governista, embora,
claro, não o único existente.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.