Terça,
26 de fevereiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

Está hoje filiado ao PSB, partido
presidido e controlado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que
alimenta planos de ser candidato à sucessão de Dilma Rousseff, mas não abre o
jogo formalmente, pois espera para ver o desempenho do governo federal neste
ano, bem como se completa o cenário político com os posicionamentos das
oposições. Poderá então concluir que vale a pena arriscar a candidatura a
presidente ou preferir outro caminho – nesta última hipótese, o apoio à
candidatura de Dilma Rousseff à reeleição parece o caminho mais provável.
Embora tendo um controle firme da
estrutura partidária do PSB, Eduardo Campos tem na seção estadual do Ceará um
problema de bom tamanho. Começando pelo fato de que o Ceará e Pernambuco estão
na mesma região do país, o Nordeste, de modo que a base geográfica inicial da
candidatura de Eduardo Campos é a mesma de uma eventual candidatura de Ciro.
Aliás, vale registrar que para uma
candidatura de Dilma à reeleição, tanto a candidatura de Campos quanto a de
Ciro são extremamente incômodas. Exatamente porque o Nordeste tem sido um
extraordinário manancial de votos, primeiro, para Lula, depois, para Dilma.
Reduto fechado ou, como diriam chefes políticos dos grotões, “curral eleitoral
de porteira fechada”.
Mas, voltando à luta interna no PSB, ao
controle do partido exercido por Eduardo Campos, Ciro Gomes tem oposto o que
considera sua grande vantagem, a de ter o que chama de “estrada”, pois já foi
ministro da Fazenda de Itamar Franco, praticamente salvando a credibilidade do
Plano Real, no momento em que foi fortemente atingida pelas afirmações
indiscretas do ministro que lhe antecedeu, Rubens Ricupero, que falou o que não
devia com o repórter da Rede Globo Carlos Monforte, durante um intervalo de uma
entrevista, sem saber que pelas antenas parabólicas tudo estava sendo captado
onde elas existiam.
Por sugestão –
um insight – de Antonio Carlos
Magalhães, foram convencer Ciro Gomes a deixar o governo do Ceará para assumir
o Ministério da Fazenda, sob a alegação de que somente ele tinha condições de
confrontar a crise e restabelecer rapidamente a credibilidade do plano – missão
na qual teve pleno êxito.
A estrada a que
se refere Ciro Gomes inclui também, e principalmente, duas candidaturas à
presidência da República, com as respectivas campanhas eleitorais e votos, e o
conhecimento que o eleitorado teve dele por conta disso. Enquanto Eduardo
Campos, hoje muito prestigiado e reconhecido no meio político, não é ainda
figura popular fora de Pernambuco.
Ciro pensou ser
pela terceira vez candidato a presidente em 2010, mas Lula o convenceu a mudar
seu domicílio eleitoral para São Paulo, acenando com uma candidatura apoiado
pelo PT e o governo federal para governador de São Paulo. Feito isso, Lula
puxou o tapete de Ciro – convenceu o PSB a não lançá-lo candidato a presidente
e não concretizou qualquer apoio para que fosse candidato ao governo paulista.
Ciro ainda não esqueceu a perfídia. Agora, ao tempo que insiste na diferença
entre ele e Eduardo Campos – a questão de estrada –, o ex-governador do Ceará
disparou contra Aécio Gomes, Marina Silva e Dilma Rousseff, vale dizer, não
deixou de fora qualquer dos nomes evidentes de possíveis candidatos a
presidente da República.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.