Sábado,
2 de fevereiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

O ba-fa-fá é o seguinte. Ontem, o
deputado e ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, teve sua escolha
para a liderança da bancada do PR na Câmara federal oficializada pelos 31
deputados presentes. A bancada tem um total de 37 deputados.
Após a decisão da bancada, Garotinho
disse que vai trabalhar para definir rapidamente o rumo do partido – se fica
com o governo ou se passa à oposição. Desde que perdeu o Ministério dos
Tranportes em 2011, com a exoneração do então ministro Alfredo Nascimento, que
teve de deixar o cargo ante acusações de irregularidades, o PR não conseguiu
indicar outro nome (a presidente Dilma Rousseff botou no lugar um interino,
Paulo Sérgio Passos, que era secretário geral do ministério e hoje é ministro
efetivo).
O PR não se considerou representado
e se declarou independente até que o problema fosse resolvido. Não foi
resolvido. Já passou muito tempo, mas tudo continua na mesma. Nesse período, o
PR ficou mais ou menos como aquilo n’água. Boiando sem rumo certo, não é
realmente independente como se declarou, mas não é realmente governista e muito
menos realmente oposicionista. Não é nada, muito pelo contrário.
Garotinho, que é um parlamentar
bastante rebelde em relação ao governo, mas nada tem de radical, fez uma
declaração mais incisiva que as habitualmente feitas pelos políticos
brasileiros – “Vi que é o desejo da bancada ir para a base do governo. Vou me
despir de qualquer vaidade e projeto pessoal para ir para o governo, mas não
hesitarei se tivermos que ser oposição”.
Garotinho evitou falar em
ministério, mas tem afirmado que o seu partido, uma vez integrando a base
governista, merece o mesmo tratamento e espaço que os demais aliados. “Nosso
partido pode crescer de mãos dadas com o governo ou fora dele. O que não
podemos é ir para lugar nenhum”, avisou.
Mas se, ao mesmo tempo que proclama
a inclinação da bancada de reingressar na base governista, a liderança do PR
avisa que não sendo o partido bem acolhido, irá para o lado oposto, as chances
de ser levado a sério pelo governo aumentam. E pode, assim, afinal, aparecer um
ministério. Neste caso, um nome que o PR não poderia deixar de considerar para
indicar é o do ex-senador e ex-governador da Bahia, César Borges, como já dito,
presidente da seção baiana do partido e vice-presidente de Governo do Banco do
Brasil.
É claro que há muitas coisas a considerar. A política baiana e seu
sistema de pesos e contra-pesos dentro da coalizão governista é uma delas.
Outra, a possível existência de outros nomes que o PR possa indicar. E, em
terceiro, claro, a disposição do senador de deixar o cargo tranquilo em que
está e migrar para outro em que estará novamente na linha de frente da política
e do próprio governo, sem tranquilidade, mas com a compensação de ganhar muito
mais visibilidade e status político. Desde que não lhe ofereçam um ministério
de brinquedo, como alguns que seus titulares supõem que existem, se é que eles
próprios não duvidam.
TEMPO PERDIDO – PP e PR brigaram ontem no Senado pela terceira secretaria da Mesa Diretora. O PP, que tem cinco
senadores, ganhou a vaga na votação pelo plenário com o senador Ciro Nogueira,
que venceu o republicano Magno Malta, do PR, que tem seis deputados. O
presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (aquele que teve de sair do
Ministério dos Transportes) disse que vai ao STF, pois não foi respeitada a
proporcionalidade. Tempo perdido. Se os cargos da Mesa são preenchidos por
eleição (votação secreta), não há como impor o princípio da proporcionalidade.
O voto é livre.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.